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Foto do escritorGedeon Lidório

É possível encontrar propósito em meio a um mundo cheio de autodefinições e autodeterminações? – Parte 3

Na visão bíblica, o conceito de Imago Dei (imagem de Deus) atribui um valor intrínseco a cada ser humano, independentemente de suas circunstâncias ou realizações. Quando a Imago Dei é rejeitada ou minimizada, a base para a dignidade e os direitos humanos se torna mais instável. Se a identidade humana não é vista como algo dado por Deus, mas como uma construção pessoal ou cultural, o valor das pessoas pode ser facilmente relativizado, dependendo de critérios como utilidade, produtividade ou conformidade com normas sociais.

 


Na esfera da relativização, temos:

 

Senso de utilidade

Quando a sociedade valoriza as pessoas principalmente por sua capacidade de contribuir economicamente ou de servir a determinados interesses, o valor intrínseco da vida humana pode ser reduzido. Por exemplo, pessoas idosas ou com deficiências podem ser vistas como "menos úteis" e, portanto, menos valiosas, o que pode levar à marginalização ou exclusão desses grupos.

 

Visão de produtividade

Em uma cultura onde o sucesso e a realização são medidos pela produtividade, indivíduos que não conseguem atender a esses padrões, como os desempregados ou aqueles com limitações físicas ou mentais, podem ser considerados menos dignos de respeito e cuidado. Essa visão ignora o valor intrínseco de cada pessoa, independentemente de seu desempenho ou contribuições.

 

Conformidade com normas sociais

Se a dignidade humana é baseada em conformidade com padrões sociais predominantes, aqueles que se desviam de tais normas – como pessoas com diferentes orientações sexuais, estilos de vida ou culturas – podem ter seu valor questionado ou negado. Isso pode levar à discriminação e à negação de direitos básicos, tratando esses indivíduos como menos humanos ou menos dignos.

 

A meu ver, isso tem implicações diretas para questões éticas, como os direitos dos vulneráveis, dos nascituros e dos idosos. Além destes, outros grupos podem sofrer com este estigma, pois, todos eles têm uma dificuldade tremenda na construção de um ideal social aceitável – por exemplo:  pessoas com deficiência, pessoas em situação de pobreza, refugiados e migrantes, pessoas em conflito com a lei, minorias raciais ou étnicas, pessoas com doenças crônicas ou terminais e outros.

 

Desenvolvendo essa ideia, a partir do conceito de Imago Dei (a imagem de Deus), o valor de cada ser humano é fundamentado não em suas características, habilidades ou circunstâncias, mas no fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus. Isso significa que todos os seres humanos, independentemente de suas condições ou realizações, compartilham uma dignidade inalienável e um valor intrínseco que não pode ser retirado ou diminuído.

 

A Imago Dei estabelece uma base sólida para a dignidade e os direitos humanos, pois vê cada pessoa como portadora de um valor dado por Deus. Esse valor é inerente, ou seja, faz parte do ser humano por sua própria existência e não depende de fatores externos, como status social, idade, saúde, etnia ou habilidades. A igualdade no valor humano se aplica a todos, sem distinção. Por isso, o reconhecimento da Imago Dei tem implicações éticas profundas, pois oferece uma justificativa sólida para o respeito universal à vida humana e aos direitos de cada indivíduo.

 

Portanto, o princípio da Imago Dei não apenas fundamenta a igualdade de valor entre todos os seres humanos, mas também desafia a relativização da dignidade humana. Ele estabelece que a dignidade e o valor não são concedidos por outras pessoas, por sistemas políticos ou pela própria sociedade, mas são inerentes e invioláveis, dado que são reflexos da imagem do próprio Criador. Isso se traduz em uma visão ética onde todos têm direito a tratamento justo, proteção e dignidade, independentemente de suas circunstâncias individuais ou sociais.

 

Isso, entretanto, não significa que, como cristãos, devemos impor nossos valores à sociedade. Não é possível “constantinizar” a cultura dessa forma. O verdadeiro cristão deve viver de maneira que o amor seja sua maior prerrogativa, buscando influenciar positivamente o maior número de pessoas. Ele faz isso ao levar as pessoas a desenvolverem um compromisso com Deus como resposta ao amor divino, através da evangelização, do discipulado, do ensino e do compartilhamento – jamais pela imposição.

 

Isto te fez pensar? Algumas perguntas para pensarmos juntos:

· Como o cristão pode influenciar a sociedade de forma autêntica e eficaz sem recorrer à imposição de valores?

· De que maneira o amor pode ser uma força transformadora na prática cristã, sem se tornar um pretexto para manipulação?

· Qual é a diferença entre influenciar e impor valores?

· Como lidar com a frustração de ver os valores cristãos ignorados ou até mesmo ridicularizados?

 

Que Deus nos abençoe.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

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Nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados nos espaços “colunas” não refletem necessariamente o pensamento do bisbilhoteiro.com.br, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

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