Quando pensamos que a vida política pode ser vivida de maneira diferente que vivemos nossa fé, o barco da nossa vida está naufragando (ou já até afundou!) e nem percebemos.
A Bíblia oferece uma rica base de princípios éticos que podem ser aplicados ao cenário político, embora não apresente um modelo político específico. O foco bíblico sobre política está essencialmente enraizado em valores morais, justiça e a defesa do bem comum. Ao longo das Escrituras, especialmente no Antigo Testamento, vemos repetidamente o chamado de Deus para que os governantes ajam com justiça, cuidem dos pobres e vulneráveis, e mantenham um padrão moral elevado. A política bíblica, portanto, está fundamentada na ética da justiça e na dignidade humana, refletindo o caráter de Deus.
Ah! como isso é utópico, não é mesmo?! Às vezes sinto uma vergonha enorme em ver certas cenas sendo protagonizadas.
A Bíblia continua sendo Bíblia e continua a falar sobre nossos atos e sobre como Deus deseja que ajamos.
Em Provérbios 29:2, lemos: “Quando os justos governam, o povo se alegra; mas quando o ímpio domina, o povo geme.” Esse versículo destaca a importância de líderes que promovem a justiça e o bem-estar social. A função de um líder político, segundo a Bíblia, é promover a paz, a justiça e a prosperidade para todas as pessoas, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade, como o órfão, a viúva e o estrangeiro (Deuteronômio 10:18).
Parece estranho isso, não é? Um líder político que governa pensando nos outros e não em si mesmo é algo que não estamos acostumados a ver. O discurso é muito diferente da prática.
Os profetas do Antigo Testamento foram enfáticos ao condenar líderes que oprimiam os pobres ou agiam de forma corrupta. Jeremias 22:3 clama: “Pratiquem a justiça e o direito; livrem o oprimido das mãos do opressor. Não maltratem nem façam violência ao estrangeiro, ao órfão ou à viúva; não derramem sangue inocente neste lugar.” A justiça, segundo os profetas, está no centro da ética política bíblica, e os governantes têm o dever de agir conforme esses princípios.
Isso soa mais estranho aos ouvidos ainda. Ler que a Bíblia relata como sendo algo da vontade de Deus que quem ser envolve com política precisa praticar a justiça e o direito, cuidar de quem é oprimido é para mim um disparate.
A política, falando especificamente de nossa política nacional, seja ela em que nível for, aponta sempre para os interesses dos grupos e não da população de forma geral. Ah, mas eles representam a população, podem me dizer. Não. Eles não representam a população, representam os interesses grupais a que pertencem, sejam de grupos ou ideologias ou mesmo interesses corporativos.
Por outro lado, a ética política bíblica é fundamentada na justiça, na proteção dos mais vulneráveis e no compromisso de que o governante seja um exemplo moral e de serviço à comunidade. Os cristãos, portanto, são chamados a envolver-se na política com esses princípios em mente, não para buscar poder, mas para servir ao próximo e promover o bem comum. Utopia?!
Embora a Bíblia ofereça princípios éticos para a vida em sociedade e no governo, ela não prescreve um sistema político específico, como democracia, monarquia ou qualquer outro. O conceito de "partido político", tal como o conhecemos hoje, é um fenômeno moderno e não se encontra diretamente nas Escrituras. No entanto, a Bíblia oferece orientações sobre como os seguidores de Cristo devem se comportar e se relacionar com a política.
O que importa, portanto, não é a afiliação partidária, mas se as políticas promovidas são coerentes com os princípios bíblicos de amor, justiça e respeito à dignidade humana.
O cristão deve buscar participar da política de maneira que reflita sua fé e seus valores, mas sem confundir a missão do Reino de Deus com os interesses de um partido político específico.
Quando as autoridades se tornam injustas ou promovem a opressão, o cristão tem o direito e, muitas vezes, o dever de se opor, como vemos em Atos 5:29, onde os apóstolos afirmam: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.”
A Bíblia oferece uma estrutura para o envolvimento político, mas não sugere que os cristãos devam se associar a um partido específico. O foco sempre deve estar na promoção dos valores do Reino de Deus — justiça, paz, amor ao próximo e defesa dos oprimidos. Esses são os critérios pelos quais os cristãos devem avaliar e participar da política, sejam quais forem os partidos ou sistemas em vigor.
Ao olhar para trás, lembro-me de quando me envolvi com política no início da minha vida adulta. Foi um período desafiador, pois, embora eu estivesse motivado a promover justiça e transformação, logo percebi o quanto era difícil conciliar a fé com as demandas e práticas políticas do dia a dia. Havia momentos em que os compromissos políticos pareciam colidir com os valores que eu acreditava serem fundamentais para a minha fé. Aprendi, ao longo do caminho, que o equilíbrio entre a integridade espiritual e as exigências políticas é uma lida constante.
Viva a vida como uma vida só - seja na política partidária, seja na sua família, ou em seus relacionamentos amorosos, ou em seus negócios, quando lida com dinheiro, ou outra coisa qualquer na sua vida deve ser UMA VIDA SÓ. Não há possibilidade de nos chamarmos de cristãos e vivermos vida "separadas" em cada ambiente. O ser cristão é um labor de integridade, mas também de inteireza de vida.
Pr. Gedeon Lidório
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