É impressionante como vemos e escutamos os assuntos escolhidos para os discursos de certos vereadores em algumas câmaras municipais, principalmente as de cidades interioranas.
Primeiramente quero dizer que politica e religião não devem ser consideradas uma mesma pauta por parte daqueles vereadores que antes de se sentarem nas cadeiras das câmaras municipais já pregavam a palavra de Deus.
Política e religião são casos diferentes, sem nenhuma relação entre si, mas revelam uma coisa só. Levam a pensar sobre a crescente participação da religião na política e seus efeitos danosos para a democracia e o país.
Vereadores que se dizem homens de Deus por exemplo, deviam de fazer os cultos nas suas igrejas e não nas sessões das câmaras municipais, vereadores tem o dever de fiscalizar o executivo e não de pregarem em plenário, culto, pregação e debate sobre religião e fé é feito e deve ser feito dentro de igrejas...
Lá no plenário do legislativo municipal de suas cidades, deveriam alguns vereadores cuidar de discursos com temas sobre aprofundamento na busca de resolverem os problemas de seus municípios, como saúde, educação, infraestrutura, habitação, segurança publica, empregos, segurança da mulher, criança e adolescentes e principalmente fiscalizar o poder executivo de seu município e deixar de lado o corporativismo político. Isso já bem feito e quando bem feito não daria margem para discursos de ordem indubitavelmente nacional ou internacional, contrárias aos interesses e necessidades municipais, vejam, discutir Show de Madonna, Aborto, ou a Encenação da Santa Ceia nas Olimpíadas de Paris, outros fazem passeatas em pró-Israel e a Guerra pela liberdade, desde quando Deus ensinou a matar civis inocentes, mulheres e crianças em prol a tão aclamada liberdade? Tudo isso não vai resolver o problemas sociais de nossas cidades, nem falta de remédio, vaga em creches, falta de médicos especialistas, falta de salas de aula, problemas com moradores de rua e até falta de cesta básica na assistência social, assim como uma centena de outros tantos... Neste exato momento, em sua cidade, deve com certeza ter uma mulher sendo espancada, uma criança sofrendo maus tratos e muitos com falta de comida na mesa (se tiver a mesa)... E que estes discursos ilusionistas mas Câmaras Municipais estão ajudando no combate destes problemas cada vez mais crônicos na sociedade brasileira? Realmente eu tenho que concordar com estes parlamentares, ta na hora de pararem com estes "teatrinhos" que também se fazem nas câmaras municipais...
Se alguns vereadores "ilusionistas" querem discutir ou discursar sobre pautas nacionais ou internacionais, deveriam renunciar ao seus cargos ou se candidatarem para Presidentes de Nações, assim seriam mais capacitados para discursos com fundamentos e pautas universais e não tão "medíocres" para suas participações como os problemas que enfrentam no dia a dia os cidadãos mais carentes de seus municípios.
Religiosos e outros chamados "Homens de Deus" entram para a política com base num discurso moralista – não apenas contra os maus políticos, como o que seriam os maus costumes em geral.
Apresentam-se como restauradores da ordem, infensos à corrupção e aos pecadilhos humanos. E, a partir do seu próprio exemplo, querem impor seus dogmas em todos os campos, como salvadores diante do apocalipse.
Religiosos na política não são garantia de bom comportamento, muito menos de solução para a moralidade, na política ou na vida. Ao contrário. Os políticos que se apresentam como bastiões da moral podem cair nos mesmos pecados de outros mortais. Com o agravante da farsa, escondendo o pé de barro, para vender-se como santos.
Ninguém pode dizer que os políticos religiosos representam os interesses de sua comunidade de fé, muitos representam os seus próprios interesses, mesmo que seja apenas encher uma piscina com água... quando outros precisam mais...
Existe no Congresso Nacional a chamada bancada evangélica, um bloco informal, cujos integrantes supostamente se unem em votações com posições de interesse em comum. Na maior parte das vezes, porém, esses políticos usam sua identificação com a comunidade religiosa mais para eleger-se. Uma vez no poder, defendem mais os interesses próprios.
Ninguém é proibido de participar da política e a religião é livre. Porém, usar o proselitismo religioso para impulsionar a carreira política, ou apresentar-se como representante político de uma religião, são desvirtuamentos da democracia.
Ao defender interesses de partidários de uma religião específica, contraria-se o princípio da igualdade, segundo a qual todos os brasileiros são iguais perante a lei, independentemente de raça, cor e, diga-se, religião. Não há nenhuma razão para que se tome decisões em favor de membros desta religião ou daquela, sendo todos os crentes tratados igualmente, como cidadãos, com os mesmos direitos e deveres.
O destino dos moralistas é serem desmoralizados. Porém, há algo a melhorar na democracia brasileira, para que se extinga o voto de natureza religiosa. É preciso proteger os princípios humanistas da igualdade entre todos os cidadãos, independente de suas escolhas pessoais, seja de religião, seja dos costumes.
Um dos grandes dilemas da democracia é como tratar pessoas diferentes como iguais, e ao mesmo tempo como tratar pessoas como iguais, respeitando suas diferenças. O certo, porém, é que a democracia é o único regime onde isso pode chegar o mais perto possível do ideal. Já discursos em sobre Deus e os preceitos da fé cristã não devem ser discutidos em plenários de legislativos municipais, para este fim existem as igrejas e templos para cultos sobre estes temas religiosos.
Deveria surgir a partir do eleitor uma reação contra a infiltração da religião no poder, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário – como queria o ex-presidente Jair Bolsonaro, que colocou Deus no slogan de Estado e prometeu nomear um ministro “terrivelmente evangélico” na sua indicação ao Supremo Tribunal Federal.
Com a partidarização da religião, o que se fomenta no Brasil é apenas a intolerância, e com ela a defesa e tentativa de imposição de interesses de um grupo sobre o de outros, com a natural reação em contrário dos prejudicados (o povo).
O clima de intolerância só interessa aos ditadores de plantão, que só podem fazer o que quiserem se passarem por cima do respeito ao pluralismo da democracia e do povo e da diversidade, vejam atualmente o exemplo do ditador Nicolás Maduro na Venezuela.
A verdade é que, sem liberdade, não há nenhum progresso real. Quando as ditaduras dão errado, é por liberdade que se clama, porque deram errado.
Quando elas dão certo, pede-se também por liberdade, para que se possa desfrutar do progresso.
Só há um caminho, que é o caminho da liberdade, mas para chegar lá é necessário neutralizar as forças insidiosas que se nutrem da intolerância, promovidas por pessoas que agem em interesse próprio falando em nome de Deus e da fé. No Brasil, esses agentes parecem já ter se esquecido dos males que as ditaduras fazem a todo mundo. E que somente a democracia permite a um país fazer sua própria crítica, corrigir erros e melhorar.
A história, porém, não se esqueceu. E só depende dos defensores da liberdade e da igualdade não perdê-las, para que possamos chegar mais depressa e orgulhosamente a um bom lugar. E para isso ainda vale o poder de um voto correto...
E neste ano de eleições os candidatos a tudo, surgem do nada, invadem as igrejas com seus séquitos, acompanham todo o ritual com mimetismos cômicos, fazem caras e bocas de devotos, olham de esguelha para os lados em busca de aprovações, lançam suas redes e saem dali como entraram: vazios de Fé e cheios de confiança de haver pescado mais alguns incautos.
A política, com “p” minúsculo, e a fé, com “f” de falsidade, dão-se bem por que almejam apenas vantagens materiais imediatas. Falsos homens de Deus se aliam a políticos aldrabões, afinal, estão todos irmanados no propósito de rebaixar a Fé e a Política, fazendo-as ferramentas para seus desígnios.
Quanta falta daqueles dias em que o próprio Cristo usava da chibata para expulsar os vendilhões do templo.
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