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Um país cristão chamado Brasil: contradição entre fé e prática

A expressão "Deus, Pátria, Família e Liberdade" é frequentemente utilizada por muitos como um lema que sintetiza valores fundamentais para uma sociedade ideal. No entanto, há uma crescente dissonância entre a defesa verbal desses valores e a prática diária de muitos que os proclamam.

 

Uma grande parcela daqueles que professam a importância de "Deus" não frequenta regularmente locais de culto, como igrejas ou templos. No Brasil, embora 81% da população se identifique como cristã, sendo 50% católicos e 31% evangélicos, muitos não participam regularmente dos cultos (Pesquisa Datafolha). Além disso, a pesquisa "Global Religion 2023" do Instituto Ipsos revelou que 89% dos brasileiros acreditam em Deus ou em um poder superior, com 70% afirmando seguir alguma religião cristã, mas apenas 49% dos brasileiros visitam igrejas, templos ou outros locais de culto ao menos uma vez por mês. 



A Bíblia também argumenta sobre isso dizendo: "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia" (Hebreus 10.24-25).

 

Se em sua vida “Deus” é realmente algo importante e isso é transposto para o seu discurso, então, logicamente, estar ligado à uma comunidade de fé (em Deus!), para dela aprender, conviver e ser santificado em meio aos outros que seguem a mesma fé deveria ser uma prioridade. Se não é (frequento uma vês por mês...) isso demonstra claramente que não dá valor para o que a fé significa, é apenas um cristão nominal, secularizado e que não tem compreensão bíblica do que é ser um discípulo de Cristo.

 

Assim, o comprometimento com a prática religiosa e com os ensinamentos cristãos parece, em muitos casos, ser superficial. A ausência de participação ativa na vida religiosa levanta questões sobre a profundidade do comprometimento com o primeiro valor desse lema. E, se não há um comprometimento com os valores cristãos, que valores serão passados para a família, para os filhos?

 

No quesito "Família", que é tradicionalmente vista como o núcleo de transmissão de valores, a dissonância continua. Grande parcela da população que não se envolve diretamente na educação moral e religiosa de seus filhos, principalmente aqueles que não estão ligados à religião de maneira mais fiel e constante, compreendendo a religião como algo de fé, sem vínculos com doutrinas ou compromissos pessoais. Estes parecem não se preocupar em transmitir valores cristãos (morais e religiosos) para seus filhos e "inventaram" uma família que é pura aparência. Jesus chama isso geralmente de "sepulcro caiado", que tem uma boa aparência, mas dentro só reside morte, dor, luto, corrupção, traição e toda sorte de desgraças. Qualquer um (fora das fotos de família para redes sociais onde tudo é lindo e maravilhoso) pode ver isso no convívio diário com amigos e conhecidos.

 

A ideia de "Pátria" envolve não apenas o amor pelo país, mas também um compromisso ativo com a melhoria da sociedade. Muitos que proclamam esse valor não se envolvem em ações comunitárias que poderiam realmente beneficiar a pátria. O patriotismo não é apenas uma emoção ou um sentimento, mas uma série de ações concretas em prol do bem comum. O que a mim me parece é que "Pátria" acabou sendo apenas um conceito burlesco criado para gerar um impacto no público, mas sem uma ação prática de melhoria social, de melhoria da sociedade, pois, o que manda é o lucro.

 

A "Liberdade" é um dos valores mais exaltados, mas é frequentemente mal compreendida. A verdadeira liberdade está intrinsecamente ligada à responsabilidade. Sem uma base ética e moral sólida, a liberdade pode se transformar em licença para a anarquia e o egoísmo. A liberdade cristã, em particular, está enraizada no serviço ao próximo e no cumprimento dos deveres para com Deus e a sociedade.

 

A discrepância entre discurso e prática levanta a questão: "Deus, Pátria, Família e Liberdade" é um ideal genuíno ou uma ilusão conveniente? Se esses valores são verdadeiramente essenciais, por que não são refletidos nas ações diárias dos que os proclamam?

 

A autenticidade de uma sociedade cristã pode ser medida não apenas pelo que é dito, mas pelo que é feito. Uma sociedade que realmente valoriza Deus, Pátria, Família e Liberdade demonstrará esses valores através de ações consistentes e comprometidas. O culto regular, o envolvimento ativo na educação ética e moral dos filhos, a participação em atividades de transformação social e comunitária e a prática da liberdade responsável são indicadores tangíveis de uma sociedade que vive o que prega.

 

Alguns dados (de muitos que poderíamos falar!): Em 2022, o número de divórcios atingiu um recorde de 420 mil casos, representando um crescimento de 8,6% em comparação ao ano anterior (segundo a Exame e o Jornal da USP). Em 2023, foram contabilizados 1.463 casos de feminicídio, um aumento de 1,6% em relação a 2022. Isso representa uma média de uma mulher assassinada a cada seis horas no país​ (segundo a Exame, o Jornal da USP e o Globo). No Índice de Percepção da Corrupção de 2022, o Brasil ocupava a 94ª posição entre 180 países, com uma pontuação de 38/100 (ONU). De acordo com a 11ª edição do Relatório Global de Fraude e Risco da Kroll, o Brasil é destacado por altos índices de lavagem de dinheiro, corrupção e suborno, com 23% das empresas brasileiras relatando incidentes de lavagem de dinheiro, comparado à média global de 16% (VEJA). O Brasil ocupa a 9ª posição no ranking mundial de homicídios, com uma taxa de 23,4 homicídios por 100 mil habitantes em 2022 (WPR) (Estados Unidos, 6,5; França 1,3; Inglaterra 1,2; Portugal 0,7 e Japão 0,2 homicídios para cada 100 mil habitantes).

 

Isso é o reflexo de uma sociedade cristã, que coloca em seu discurso o lema "Deus, Pátria, Família e Liberdade"? Esse discurso precisa ser mais do que palavras. Para que esses valores sejam autênticos, devem ser refletidos em ações concretas. Não tenho a pretensão de desacreditar qualquer pessoa que proclama esses valores, mas encorajar uma reflexão crítica sobre como podemos viver de maneira mais coerente com os ideais que defendemos.

 

Uma verdadeira sociedade cristã não é aquela que apenas fala sobre Deus, Pátria, Família e Liberdade, mas aquela que incorpora esses valores em todos os aspectos da vida cotidiana.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

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