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Suicídio e intolerância: um urgente chamado à reflexão para a sociedade e a comunidade cristã

O vilipêndio da memória de pessoas falecidas, especialmente em casos de suicídio, é uma questão alarmante que tem ganhado destaque nas redes sociais e nos debates públicos. Recentemente, tenho assistido a um aumento nos ataques verbais e digitais motivados por divergências políticas e ideológicas (dos mais variados espectros políticos e ideológicos), desrespeitando profundamente a memória daqueles que partiram e causando ainda mais dor às famílias enlutadas. Este comportamento, que se torna ainda mais chocante quando praticado por aqueles que se identificam como cristãos, revela uma grave incoerência com os ensinamentos de Jesus Cristo.



Vilipêndio é um termo que se refere ao ato de desonrar, humilhar ou desprezar alguém ou algo. Quando aplicado à memória de pessoas falecidas, especialmente em casos de suicídio, o vilipêndio se torna ainda mais grave, pois não apenas desrespeita a dignidade do indivíduo, mas também intensifica o sofrimento dos familiares e amigos que já estão lidando com uma perda dolorosa. O impacto negativo dessas ações se espalha pela sociedade, perpetuando uma cultura de desrespeito e intolerância.

 

Recentemente, um caso chamou a minha atenção nas redes sociais: um grupo de indivíduos vilipendiou digitalmente uma pessoa que cometeu suicídio, utilizando impropérios e termos de baixo calão (dentre outras coisas que nem ouso mencionar) para desonrar a memória dessa pessoa. O motivo principal para tal ataque foi a divergência política, já que a vítima pertencia a um espectro político partidário diferente do grupo agressor. Essa situação trouxe à tona para mim uma reflexão dolorosa: como indivíduos que se autodenominam cristãos podem se comportar de maneira tão desumana e contrária aos princípios ensinados por Jesus?

 

Jesus frequentemente confrontou a hipocrisia religiosa. Os líderes religiosos da época, como os fariseus, eram conhecidos por sua falta de compaixão e por impor fardos pesados aos outros enquanto eles mesmos não os carregavam. Jesus disse: "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda impureza" (Mateus 23.27-28).

 

Jesus sempre demonstrou compaixão pelos que sofriam, independentemente de suas circunstâncias. Ele curou doentes, consolou os aflitos e perdoou pecadores. Em Mateus 9.36, lemos que "ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas como ovelhas sem pastor". Da mesma forma, em Marcos 1.40-42, Jesus cura um leproso, mostrando que a compaixão deve superar qualquer barreira social ou preconceito. Em Mateus 25:35-40, Jesus fala sobre o julgamento final e como o tratamento dos necessitados reflete nossa relação com Ele. Ele diz: "Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e vocês me deram de beber; eu era estrangeiro, e vocês me acolheram; eu precisava de roupas, e vocês me vestiram; eu estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; eu estive preso, e vocês me visitaram."

 

A Bíblia ensina que todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.27). Isso implica que cada pessoa possui uma dignidade inerente que deve ser respeitada. O desrespeito à memória de uma pessoa, especialmente em momentos de dor e luto, é uma violação desse princípio fundamental. Jesus, em sua vida e ensinamentos, sempre valorizou a dignidade humana, defendendo os marginalizados e mostrando que o amor e o respeito são centrais na fé cristã.

 

Dietrich Bonhoeffer, teólogo luterano conhecido por sua resistência ao nazismo e suas reflexões profundas sobre ética cristã, destacou a importância do respeito e da dignidade humana em suas obras. Ele afirmou que "o verdadeiro teste da moralidade de uma sociedade é o que ela faz pelas suas crianças”, enfatizando que uma sociedade moralmente saudável cuida de seus membros mais vulneráveis. Esse conceito pode ser ampliado para incluir como tratamos os mortos e os enlutados. Quando desrespeitamos a memória de alguém que faleceu, especialmente em situações trágicas como o suicídio, estamos falhando nesse teste de moralidade.

 

C.S. Lewis, autor e pensador cristão em suas obras, destacou a importância de tratar os outros com a mesma ternura e cuidado que Deus demonstra para conosco. Ele escreveu: "Não estamos longe da mente de Deus; Ele nos carrega com a ternura de um pai carregando seu filho". Esta imagem poderosa nos chama a refletir sobre como nós, como cristãos, devemos agir em relação aos outros, especialmente em momentos de dor e sofrimento.

 

A ética cristã não pode ser apenas teórica; ela deve ser vivida em ações concretas que refletem o amor de Cristo em todas as circunstâncias.

 

A hipocrisia de professar a fé cristã enquanto se age de maneira desumana e desrespeitosa é uma contradição flagrante. Jesus condenou a hipocrisia e chamou seus seguidores a viverem de acordo com os princípios do amor e da compaixão. Quando cristãos falham em demonstrar esses valores, especialmente em contextos de dor e sofrimento, eles não apenas desonram a memória daqueles que partiram, mas também afastam as pessoas da verdadeira mensagem de Cristo.

 

O respeito pela memória dos falecidos, independentemente de diferenças políticas ou ideológicas, é um imperativo moral e cristão. A compaixão, a empatia e o amor são pilares fundamentais da fé cristã que devem guiar as ações dos seguidores de Cristo.

 

Como Charles Sheldon nos desafia em "Em seus passos o que faria Jesus?": pergunte-se, em cada situação, o que Jesus faria se estivesse em seu lugar, e então aja de acordo com a resposta.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

Para comprar estas obras citadas:

 

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