Para muitos de nós, a afirmação de um "sim" está mais presente no dia a dia devido ao receio pelo desconforto, ao medo em desagradar, de não ser aceito ou deixar de ser amado. Essas são algumas percepções errôneas que nos reforçam a sermos sempre prestativos, mesmo quando não podemos.
E esta história já é “velha”.
Desde os tempos primitivos esta necessidade vem se consolidando com a percepção de que sobrevive aquele que consegue viver em grupo.
Outros são ensinados desde o berço à obediência, e isso implica em evitar o “não” a qualquer custo, gerando de certa forma uma opressão e concebendo uma pseudoverdade. Assim, dizer "não" seria uma forma grosseira para com o outro.
Saber dizer "não" é uma virtude, um sinal de amadurecimento emocional, de um encontro com sua autenticidade. Isso não significa ser descortês, fazer apenas o que se deseja ou virar as costas para o outro. Significa um olhar atento para si, compreendendo o que lhe convém, o que lhe é justo, sem pôr em risco ou despreocupar-se com os pedidos do mundo.
É ouvir com coerência suas necessidades, seus sentidos, alinhando suas ações com suas intenções, respeitando e responsabilizando-se por suas escolhas - para o "sim" e para o "não".
É mais usual colocar-se numa estado de obediência ou num modo de rebeldia , pois assim nos nivelamos ao outro, ou seja, é mais conveniente, prático e nos tira da responsabilidade de assumirmos uma posição, já que é usualmente o que todo mundo faz.
A questão é que não compreendemos que isso nos distancia de quem realmente somos e nos aproxima da mediocridade - aqui entenda como viver uma média, uma métrica que muitas vezes não nos convém - nos tornando seres impessoais.
Avaliar o pedido e entender o seu sentido, se somos capazes de produzi-lo, se ele nos sobrecarregará ou algo assim, nos aproxima dos nossos desejos, das nossas concordâncias, deixando-nos mais atentos ao que somos, ao que podemos e ao que queremos ser.
"Sim" e "não" são advérbios, ou seja, partículas gramaticais que modificam o verbo - na prática, elas direcionam nossas ações. Portanto, devem ser usados com gentileza e consciência.
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