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Foto do escritorMarcio Nolasco

Redes sociais não têm o poder de eleger ninguém!

Um amigo neste ultimo sábado (10), que esta como pré-candidato para Vereador nestas eleições municipais de outubro próximo, ficou um pouco "chateado" quando eu lhe disse que as redes sociais não elegem vereador, inclusive me chamou de "burro".



Pois bem, tenho uma má notícia pra quem enxerga nas redes sociais o caminho para uma vitória eleitoral: "As agências de marketing e consultorias querem criar um novo mercado e ficam alimentando um mito em torno do poder das redes sociais em uma eleição. Elas são só mais uma ferramenta. Não têm o poder de eleger ninguém."


Qual será o peso das redes sociais nas próximas eleições?


Sou defensor das redes sociais, mas elas não serão as responsáveis pela vitória de um candidato. A nossa tendência é imaginar que todo mundo usa Waze, Uber, tem smartphone, 4G, 5G... Mas o Brasil é muito grande. Fora da bolha de quem mora em grandes centros ou é formador de opinião, o alcance dos meios digitais é muito menor. Veja que até presente momento não temos registros que algum politico eleito no planeta usando somente as redes sociais, me diga um nome a nível mundial!

As agências de marketing e consultorias querem criar um novo mercado e ficam alimentando um mito em torno do poder das redes sociais em uma eleição. Elas são só mais uma ferramenta. Não têm o poder de eleger ninguém.

Então, faz sentido os partidos brigarem tanto pelo tempo de TV?


Quando a gente fala do poder de influência das redes sociais estamos falando dos eleitores dos centros urbanos, de universitários, de gente esclarecida e que consome notícias nessas plataformas. Os especialistas ignoram esse recorte e tratam como se todo o Brasil fosse igual. A TV e o Rádio ainda são os melhores meios de penetração nos rincões e cidades do interior do País, principalmente aquelas com menos de 100 mil habitantes.


A comunicação é mais palatável e direta. A pessoa que não tem um grau de formação adequado também tem dificuldade em absorver informações escritas.

Até os chamados memes precisam de um background cultural para serem traduzidos.


A impressão é que nos meios digitais a eleição já começou.


Por enquanto, a eleição só começou para uma faixa muito pequena de eleitores. Inclusive para meu amigo que é pré-candidato para vereador, e outros que vão concorrer com ele...


Para os formadores de opinião, o jogo já começou. Portanto, a eleição já é pauta nas redes sociais, mas sua penetração na vida real das pessoas é limitada.


A maioria das pessoas está preocupada, no máximo, com a saúde de Silvio Santos e os resultados do Futebol ou uma polêmica sobre algum famoso(a). Para fora da bolha do político, do jornalista ou do formador de opinião, as conversas são outras. A eleição não faz parte do conteúdo discutido por outras bolhas. É quase outra língua para a população comum e onde esta a massa votante, os pré-candidatos não querem ver isso, e são influenciados pelas agências de marketing e ou os chamados "Digitais Influencer", aliás até o seu pet pode ser um destes digitais influencer, é só ele latir em tom de canto e vc fazer um vídeo para o Instagram.


Quem faz política nas redes sociais está falando pra quem?


Se você não prestar atenção, você só vai falar para quem gosta de você, e pode ter certeza que são a minoria na sua cidade, além de que entre os que gostam de você nem todos vão lhe dar seus votos, pode ter certeza disto...


A grande maioria dos votos válidos de sua cidade não lhe conhecem, ou não sabem nada a seu respeito para lhe dar um voto, principalmente se você nunca fez parte da vida pública e politica de sua cidade. Para os aspirantes a políticos alcançarem um retorno real nas redes sociais, eles vão precisar de investimento e muito.


Não existe Horário Eleitoral Gratuito nas redes sociais. Para falar com quem não é convertido, e com quem nem sabe sobre você. Os políticos e partidos terão que investir em posts pagos, por exemplo, e isso não será nada barato, além de que seu grupo político e seu partido não fará investimento em você caso na sua chapa tenha um nome melhor para se eleger e de muito mais credibilidade e possibilidades de votos que você pré-candidato a aspirante de vereador. Você já parou pra pensar que nem mesmo os que já são vereadores em sua cidade não irão se reeleger usando redes sociais e fazendo filminhos como pessoas puras e santificadas, fico pensando que Deus esta ganhando muito dinheiro sendo cabo eleitoral de todos estes pré-candidatos para reeleição... passou o tempo tchau!!

E se o candidato tiver milhões de seguidores?


Milhões de seguidores não quer dizer nada. Os maiores usuários de X, por exemplo, são os jornalistas e pessoas ligadas ao mundo da comunicação. E ainda tem quem diga que o Brasil usa o X... Nem o jovem usa tanto como se imagina.


Esses posts que se espalham pelo WhatsApp, Facebook e X são resultantes do trabalho de convertidos.


Quem acessa esse material já é o eleitor desse candidato. O impacto em temos de conquista de voto é muito baixo. Não acredito no poder de transformar esse engajamento em voto. Se você dançar de sunga no jardim de sua casa e soltar nas Redes Sociais nem isso lhe dará votos...


O eleitor mais jovem, aquele que quase não assiste TV aberta, não pode ser influenciado por esses meios?


Totalmente. Agora, o profissional de marketing não consegue falar, entrar na mesma conversa, entrar na mente, não consegue debater com esse jovem. Eles são mais críticos ao status quo e, naturalmente, estão nos extremos do debate político, e fora da urna a seu favor.


Políticos sabem usar a rede?


Políticos não usam bem as redes sociais. O marketing político atinge uma classe pequena, mas acham que estão atingindo todo mundo. É difícil pautar as redes sociais quando você não está nos extremos. Tudo parte do amor ou do ódio.


Quem está no meio, quem se manifesta num nível mais profundo de discussão, pouco participa desse debate. O barulho é de quem ama e odeia, quem defende ou ataca. O político recebe likes e só ouve elogios. Os críticos são reduzidos. O marketing político é incipiente no digital. Na TV e no Rádio, é mais simples e funciona.



A tecnologia não pode ao menos melhorar a qualidade do voto?


Pessoas que não são tão esclarecidas tornam difícil identificar a razão do voto.


Claro, existe o coronelismo, o voto de cabresto, a troca de favores e a venda do voto. A tecnologia não matou o coronelismo nem a velha política, todos ainda fazem a politica do favor e do toma lá da cá até hoje... A tecnologia não matou nada disso. E não matou em razão do baixo nível educacional da população e repito aqui, na população de baixo nível educacional é onde se encontra a grande e maior proporção dos votos válidos de sua cidade, pode pesquisar...


As pessoas se vendem porque não têm dimensão do que estão fazendo. Existem os "Brasis" que a gente esquece. São as deficiências desses "Brasis" que fazem as coisas serem como são, e as Redes Sociais não mudam isso, jamais!

As fake news espalhadas pela rede irão inundar a discussão política nos próximos dias?


Tem o mito da fake news... Isso sempre existiu. Mas o que é fake news? Quando um candidato faz uma promessa que todo mundo sabe que não será cumprida, isso é fake news. Até que ponto a plataforma dos candidatos é verdadeira? Vai ser difícil fazer uma curadoria do que é fake ou não. A lógica é: se a fake news me é favorável, minha tendência é replicar; se é desfavorável, vou denunciar.


Não vejo os candidatos querendo excluir as fake news, inclusive já vemos muitos contando mimimis e muito papo furado nas redes e todos agora "VIRARAM" santos e seguidores purificados de Deus, todos, preste atenção que em cada frase destes candidatos o nome de Deus é citado uma ou duas vezes, parece que todos fizeram o mesmo curso para falar desta forma "terrivelmente cristã".


A melhor campanha é o Corpo a Corpo e o Olho no Olho, falando pessoalmente com as pessoas e as convencendo dos seus ideais e suas propostas de trabalho, pessoas gostam do contado "ao vivo e a cores". Se você não fizer isso e ficar só nas Redes Sociais, falará para um publico limitadíssimo a seu favor e só será conhecido como mais um "bobo digital" e não como um candidato sério e integro.


Os candidatos querem excluir as fake news que serão desfavoráveis. Se você fala mal de mim é fake news, se falo mal de você não é. É o que o Donald Trump faz nas redes.


Bem para finalizar e tranquilizar todos, acredito que a campanha nas Redes Sociais para muitos será uma campanha tão fake (falsa) quanto as fake news.


No mais boa sorte para todos, e você que diz fazer 2500 votos garantidos, vamos esperar o resultado das urnas em outubro...

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