Primeira unidade de produção de petróleo sintético a partir de biogás do Brasil está na área da usina
A Itaipu Binacional, em parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e o projeto H2Brasil, inaugurou no mês de junho de 2024, em Foz do Iguaçu (PR), a Unidade de Produção de Hidrocarbonetos Renováveis: primeira planta piloto do Brasil para a produção de petróleo sintético a partir de biogás, com foco na geração de combustível sustentável para aviação (Sustainable Aviation Fuel - SAF).
Com um investimento de 1,8 milhão de euros do governo alemão, por meio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), a planta instalada na Itaipu Binacional é projetada para produzir por dia 6 kg de bio-syncrude, uma mistura de hidrocarbonetos criada a partir de biogás e hidrogênio verde, destinada à produção de SAF.
O processo utiliza até 50 metros cúbicos normais por dia (Nm³/d) de biogás gerado na unidade de biodigestão da Itaipu, combinado com 53 Nm³ de hidrogênio verde produzido pelo Itaipu Parquetec. O projeto é resultado de uma parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, o CIBiogás, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Fundação Araucária e a Itaipu Binacional.
A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, participaram da inauguração. “O anúncio dessa planta piloto é um marco significativo na jornada brasileira rumo a uma transição energética justa e inclusiva”, declarou Luciana Santos, para quem o projeto “contribuirá para os objetivos brasileiros relacionados à descarbonização da economia, principalmente no setor da aviação”. “No nosso governo a ciência é tratada como política de estado e constitui pilar do desenvolvimento nacional.”
Costa Filho mencionou a aprovação recente de um projeto de lei pela Câmara dos Deputados que estabelece o uso do SAF pelas companhias aéreas brasileiras – visando a redução de 1% nas emissões em 2025, até chegar a 10% em 2035. Segundo ele, as pesquisas em Foz do Iguaçu, com o apoio da Itaipu, representam uma janela de oportunidade para que o Brasil se torne um grande produtor e exportador de SAF. “O mundo cada vez mais quer produzir, mas produzir de maneira limpa e sustentável. E é aí que o Brasil se coloca como um grande player internacional, para que a gente possa entrar nessa agenda de desenvolvimento sustentável”, disse.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, destacou que a iniciativa une preocupação ambiental e inovação tecnológica e chamou a atenção para o esforço do Itaipu Parquetec em pesquisar soluções para os problemas que afetam o planeta. “O petróleo verde é uma realidade”, enfatizou. “Nós não estamos entregando um só produto. Nós estamos entregando um acúmulo de pesquisas, do biogás e do hidrogênio verde, que agora darão origem ao SAF. A tendência é que, feito o alicerce da pesquisa, o avanço seja muito mais rápido e nós possamos em breve ter esse combustível sustentável com produção em escala.”
Verri também destacou a importância das parcerias envolvidas no desenvolvimento do projeto, especialmente com o governo alemão. “Chegamos em um momento em que não dá mais para esperar que a manutenção da nossa casa, que é o planeta Terra, seja uma solução apresentada apenas por um país. É preciso concentrar esforços. Se você somar a experiência acumulada da Alemanha e de outros países, nós poderemos atender de forma mais ágil as necessidades da população.”
“Essa planta piloto está relacionada com muitos projetos que estamos desenvolvendo em parceria [com os setores público e privado]. Esperamos ter uma produção maior em pouco tempo”, reforçou o diretor do projeto H2Brasil, Markus Francke. “A Alemanha seguirá sendo um forte parceiro do Brasil em transição energética”, completou o ministro do Departamento de Economia e Assuntos Globais da Embaixada da Alemanha no Brasil, Holger Rapior.
Para o diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Marlon Arraes, representante do ministro Alexandre Silveira no evento, a planta piloto demonstra a versatilidade do Brasil na produção de biomassas e de biocombustíveis que vão auxiliar o País na transição energética. “Isso mostra que o Brasil detém a tecnologia dessa rota, que é extremamente importante para que tenhamos uma ampla variedade de matérias primas para a produção de SAF.”
O bio-syncrude produzido na Unidade de Produção de Hidrocarbonetos Renováveis será enviado para o Laboratório de Cinética e Termodinâmica Aplicada (Latca) da UFPR, em Curitiba, para caracterização e refino, visando obter frações de combustível sustentável para aviação. Além disso, o Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater) da UFPR, em Palotina, conduziu estudos sobre o processo de reforma a seco do biogás e desenvolveu os catalisadores utilizados na planta.
Itaipu e G20
A participação da Itaipu no G20 ressalta a relevância das parcerias internacionais para a transição energética. Com o apoio do governo alemão e colaboração com várias instituições, a Itaipu exemplifica como a cooperação global pode acelerar o desenvolvimento de tecnologias limpas. Durante o G20, líderes globais poderão ver de perto essas iniciativas e discutir estratégias para replicar tais modelos em outras partes do mundo.
Com iniciativas como essa, a Itaipu Binacional reafirma sua missão de ser uma líder na transição energética, contribuindo para um futuro mais sustentável, o que é um dos temas centrais das discussões do G20. A usina não apenas fornece energia limpa e renovável, mas também investe em inovação tecnológica, tornando-se um símbolo de como a infraestrutura existente pode ser adaptada para atender às demandas do século XXI.
A realização do G20 em Foz do Iguaçu, de 30 de setembro a 4 de outubro deste ano, destaca ainda mais a importância da Itaipu Binacional, não apenas como patrocinadora do evento, mas também como um exemplo de inovação e sustentabilidade.
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