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Ocupação Dom Hélder Câmera: a dignidade na moradia

Foto do escritor: Tania TaitTania Tait

No dia 02 de fevereiro ocorreu evento para celebrar dois anos da ocupação de um conjunto de prédios abandonados na cidade de Paiçandu (PR). Batizada como “Ocupação Dom Hélder Câmera”, o local reúne moradores e entidades da sociedade civil de apoio para sua manutenção e organização. A festa, pelos dois anos, foi brindada com atividades culturais e esportivas, tendo apresentações de danças e música e jogos de futebol.


A construção dos prédios foi interrompida pela construtora responsável em 2014, quando as obras pararam. De lá pra cá, muitas ações na justiça e muitas reuniões ocorreram, até que em janeiro de 2023, um grupo de pessoas decidiu ocupar o local que estava vazio e abandonado.


Ocupação Dom Hélder Câmera conta com 1.600 pessoas, sendo 250 famílias e 570 menores de idade.
Ocupação Dom Hélder Câmera conta com 1.600 pessoas, sendo 250 famílias e 570 menores de idade.

Com a ocupação, a coordenação organizou o local e as famílias alojadas. Hoje, a Ocupação Dom Hélder Câmera conta com 1.600 pessoas, sendo 250 famílias e 570 menores de idade. Os moradores tiveram colaboração, desde o início, de entidades da sociedade civil e da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Um dos coordenadores conta que na primeira fase, na qual as pessoas não tinham comida, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) as socorreu com fornecimento gratuito de alimentos. Atualmente, os moradores e moradoras trabalham nas cidades de Paiçandu, Maringá e Sarandi.


Ao observar o local, depara-se com uma sala de livros, uma sala de convivência, um campo de futebol e um pátio com palco para apresentações. Chama a atenção, também, os nomes dados para cada torre de apartamentos que compõem o condomínio: Dom Jaime, Betinho, Dom Oscar Romeiro, Doutora Zilda Arns, Maria Glória (Magó) e Marielle Franco. São pessoas importantes na história nacional e local que fizeram a diferença para o mundo no tempo em que viveram e compartilharam suas ideias e ações, impactando as pessoas. Observa-se, também, uma efervescência de crianças e adolescentes participando ativamente das atividades culturais e esportivas.


Claro que nem tudo é paraíso, muitos problemas ocorreram na ocupação, desde a necessidade de murar o local até a conscientização das pessoas para o trabalho coletivo e a segurança das famílias. Muitos esforços foram realizados para a instalação de portas e janelas, bem como água e energia elétrica.


Com o tempo e a persistência, parcerias foram surgindo para a melhoria das atividades e da vida dos habitantes da ocupação.


Uma parceria importante é realizada com a UEM e algumas entidades, com vários projetos realizados, dentre eles:


• Reforço escolar;

• Unitrabalho;

• Coral Infantil

• Espaço de Vivência Infantil Leonel Brizola

• Clube de leitura para adolescentes

• Amicus Curi (Amigos e amigas do processo), colaboradores


Para o futuro, estão sendo organizadas: escola de dança e oficina de música.

Entretanto, a situação da ocupação depende da regularização por parte da justiça, cujas ações envolvem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Construtora Cantareira, a Associação dos Mutuários e a UEM. Há, sempre o medo, por parte dos moradores, de uma possível reintegração de posse determinada pela justiça com uso de força policial.


A primeira necessidade é a desapropriação do terreno, depois a legalização das moradias cujos moradores desejam pagar por elas para que realmente tenha uma vida digna.


Por enquanto, mulheres, homens e crianças que vivem na Ocupação Dom Hélder Câmera estão melhorando o local e criando espírito de fraternidade como se fosse uma daquelas antigas pequenas cidades de interior, na qual as pessoas se ajudavam e cuidavam uma das outras.


Um dos coordenadores do local, o professor Pedro Jorge (UEM), extremamente preocupado e ciente da necessidade de desapropriação e futura regularização, considera que: “a nossa ocupação é muito mais do que um teto”.


Essa frase reflete o espírito de união que foi se solidificando ao longo desses dois anos e que merecem ser celebrados.


Que a justiça seja feita e que aquele local, outrora abandonado, agora devidamente ocupado, seja o lar efetivo de pessoas que, realmente, valorizam suas moradas.

1 Comment


Guest
há 3 horas

Obrigado pelo artigo, Tânia. Precisamos informar a todos sobre a realidade da Ocupação DHC. Apesar de todas as conquistas, ainda há muito preconceito e desinformação.

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