Os leitores devem ter notado que fiquei duas semanas sem postar texto. Fiz uma viagem para descansar e, entre outros lugares, visitei Cunha, um município de São Paulo que fica a menos de 50 km de Paraty no Rio de Janeiro.
Duas décadas atrás, participei uns 3 anos de um Ateliê de Cerâmica em Maringá. Dessa experiência e do interesse que ainda preservo por essa arte nasceu a vontade de conhecer essa cidade que, hoje, abriga o maior polo de produção de cerâmica do Brasil.
Dentre os mais de 20 Ateliês da cidade, visitei os dois mais importantes. Eles misturam técnicas, inspirações, segmentos e influências extremamente particulares.
A cerâmica foi introduzida em Cunha por volta de 1975, com a construção do primeiro forno. Boa parte da população vive da sua produção ou comercialização. As peças são feitas a partir de vários tipos de argila, técnicas diversas e queimas em fornos do tipo Noborigama, a gás, Raku, à lenha e elétrico.
Cunha é uma pequena e pacata cidade. Ali, o tempo é muito mais lento do que nas grandes metrópoles movidas pelo badalo da indústria e do dinheiro. A cadência nessa cidade é a do trabalho artesanal. A arte da cerâmica é passada de geração em geração e a diversidade cultural atravessa essa produção, com origens indígenas e orientais. Cada artista/artesão imprime em suas peças características únicas, que podem variar também pelo uso de diferentes argilas, tipos de queima, múltiplas formas de modelagem e os esmaltes que finalizam as artes.
Em Cunha, a velocidade rápida e a ansiedade a que estamos acostumados desacelera/diminui, pois o fazer cerâmico é avesso ao tempo industrial. A produção das peças em cerâmica pede demora, criatividade, cuidado e adaptação.
Nos dois Ateliês que visitei conversei bastante com os artesãos e aprendi um pouco sobre as particularidades dessa arte. Fiquei encantada, aprendi muito e comprei lembrancinhas.
Recomendo!
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