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O real resiste

O primeiro turno das eleições municipais será domingo, 06/10. Elas definirão como vão se comportar as políticas públicas nos próximos anos em cada cidade. Indiretamente, essas escolhas já vão  traçar os contornos das eleições que ocorrerão daqui a 4 anos, quando escolheremos os representantes estaduais e nacionais.

 

Não sou presidente do Tribunal Superior Eleitoral, mas me atrevo a convocar os eleitores a refletir antes do voto. Para tanto, busco o apoio no campo da cultura, mais especificamente na letra de uma música.

 

Arnaldo Antunes compôs a letra “O Real Resiste” em 2018, logo após o segundo turno das eleições presidenciais, quando Bolsonaro foi eleito presidente da República. Na letra, o compositor/cantor lança mão de muita ironia e crítica social ao enumerar várias coisas que “não existem”. Ao negá-las veementemente, seu objetivo, na verdade, é ressaltá-las e chamar nossa atenção  para o fato de que elas existem e persistem.


 

Antunes capta a realidade brasileira e mundial que predominava naquele período e que, em algumas circunstâncias, ainda prevalece, mesmo que já tenhamos passado por outra eleição, a que elegeu Lula. É preciso estar alerta pois o movimento de extrema direita que tomou conta do Brasil em 2018 não desapareceu. O mundo continua se dissolvendo em fake news, em manipulações de imagem e voz, em ódios aos diferentes, em cancelamentos de direitos sociais que já haviam sido conquistados…

 

O próprio Arnaldo Antunes disse numa entrevista que  “todos têm o dever de participar da resistência”. Então, vale reproduzir aqui a letra da música e estimular os leitores eleitores a escolherem candidatos que contribuam para o fim dessa série de “coisas” citadas por Antunes. Eu, particularmente, acredito muito no papel da cultura na construção de uma sociedade mais igualitária e essa crença me guiará ao digitar os números dos meus candidatos na urna eletrônica no próximo domingo.

 

 

O Real Resiste

Arnaldo Antunes

 

Autoritarismo não existe

Sectarismo não existe

Xenofobia não existe

Fanatismo não existe

Bruxa fantasma bicho papão

 

O real resiste

É só pesadelo, depois passa

Na fumaça de um rojão

É só ilusão, não, não

Deve ser ilusão, não não

É só ilusão, não, não

Só pode ser ilusão

 

Miliciano não existe

Torturador não existe

Fundamentalista não existe

Terraplanista não existe

Monstro vampiro assombração

O real resiste

É só pesadelo, depois passa

Múmia zumbi medo depressão

não, não, não, não

não, não, não, não

não, não, não, não

não, não, não, não

 

Trabalho escravo não existe

Desmatamento não existe

Homofobia não existe

Extermínio não existe

Mula sem cabeça demônio dragão

O real resiste

É só pesadelo, depois passa

Como o estrondo de um trovão

É só ilusão, não, não

Deve ser ilusão, não não

É só ilusão, não, não

Só pode ser ilusão

 

Esquadrão da morte não existe

Ku Klux Klan não existe

Neonazismo não existe

O inferno não existe

Tirania eleita pela multidão

O real resiste

É só pesadelo, depois passa

Lobisomem horror opressão

não, não, não, não

não, não, não, não

não, não, não, não

não, não, não, não

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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