Parece que não é mais segredo para ninguém que, assim como existiu no Brasil um consórcio de mídia, durante a crise pandêmica, existe hoje no país uma espécie de consórcio estatal, unindo o Poder Executivo à Suprema Corte, sob a justificativa de terem de enfrentar uma crise democrática.
Não sei dizer sobre a crise da pandemia, mas a democrática, sem dúvida, é criada em laboratório. Não há risco nenhum que justifique que os dois poderes se unam, submetendo o Congresso e todos nós ao arbítrio de uma visão moralista e egocêntrica de país.
Olhando para 2026, o perigo da permanência desse consórcio estatal obviamente preocupa. Mas preocupa ainda mais pensar em uma Corte órfã do Executivo. Com o governo petista em frangalhos, a chance de que caia diante de alguma candidatura da direita é imensa.
O que acontecerá? A Suprema Corte acuada vai recuar? Difícil crer. Uma hipótese mais plausível é que a vulgarização do uso do conceito de “desinformação”, para mexer em quem fica e quem sai do tabuleiro político, seja usada com cada vez mais frequência.
Reconheço que o impacto da desinformação não é irrelevante a uma eleição. Um bom exemplo é o famoso laudo de Pablo Marçal na última eleição paulista. O impacto prejudicou sua desastrada candidatura, mas impactou. É fato.
No entanto, como dizer que há impacto eleitoral relevante em supostas desinformações de Carla Zambelli sobre urnas eletrônicas da cidade de Itapeva? Como dizer que houve impacto em supostas desinformações de Bolsonaro em eleições que ele perdeu?
E com base na subjetividade do conceito de desinformação, que não existe na legislação nacional, é plausível pensar que nossa Corte Suprema use o cartão vermelho que traz sempre ao bolso como forma de controlar a política e seguir mandando em todos nós, submetendo um Congresso e um Executivo de direita e um povo verdadeiramente cansado.
Tudo em nome da democracia, claro.
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