Como mencionei na parte 1 desse artigo, o engendramento da violência não começa no ato violento, mas na elaboração das estruturas do mal, do mal estrutural que permeia todas as nossas obras – e essa elaboração tem começo, meio, fim e consequências.
Vamos analisar o conceito ‘iter criminis' ligando isso com o que a Bíblia e a Teologia têm a nos dizer. Tudo começa na mente.
Cogitação (cogitatio) - a importância dos pensamentos e intenções pecaminosas na origem do comportamento violento
No contexto da violência contra a mulher, a Bíblia aborda extensivamente a importância dos pensamentos e intenções, destacando como eles podem ser a origem de comportamentos pecaminosos e violentos. O pecado não se manifesta apenas em ações visíveis, mas também em pensamentos e intenções do coração. Jesus Cristo, em seu Sermão da Montanha, ensina que até mesmo o pensamento de ódio ou luxúria é comparável ao ato físico de assassinato ou adultério (Mateus 5.21-22 e 27-28). Estas passagens sublinham a seriedade dos pensamentos pecaminosos e a necessidade de controlá-los, pois eles são a semente que pode germinar em ações violentas e destrutivas.
O coração humano (figura de linguagem) é descrito na Bíblia como o centro das emoções, pensamentos e intenções. A Escritura destaca que o coração é naturalmente corrupto e inclinado ao mal, necessitando de transformação divina para se alinhar com a vontade de Deus.
Lemos em Jeremias 17.9 que "enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" E em Mateus 15.19 - "Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituições, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias". Esse é o retrato fiel do nosso interior.
Por isso, há uma necessidade de guardar o nosso coração (nossos pensamentos, emoções e intenções), mantendo-os puros e alinhados ao pensamento de Deus e isso é essencial para evitar que pensamentos pecaminosos se transformem em ações pecaminosas.
Isso está explícito em Provérbios 4.23 - “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” e em Filipenses 4.8: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai."
Teologicamente, a cogitação ou os pensamentos pecaminosos são vistos como a raiz do comportamento pecaminoso. A teologia enfatiza a necessidade de uma transformação interna que começa no coração e na mente, uma renovação que só é possível através da obra do Espírito Santo. O apóstolo Paulo fala sobre a renovação da mente como um processo essencial para a conformidade à vontade de Deus.
"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12.2).
Ao internalizar e praticar os princípios bíblicos, é possível cultivar uma mente e um coração que refletem o amor e o respeito divinos, combatendo assim a violência em suas raízes.
O problema é que a cogitação (gerados por pensamentos e sentimentos) está dentro desta estrutura maléfica afetada pelo pecado e, portanto, sujeita à maldade, dolo e perversão.
O que está no pensamento, se não for confrontado pelo poder da Palavra de Deus, através do sacrifício de Cristo, aplicados em nós pelo Espírito Santo seguirá para a fase seguinte, que é a preparação para o crime (em nosso caso, para a violência contra mulheres).
Conseguem ver até aqui a raiz do problema?
O pecado impregnou todas as obras humanas, todos os pensamentos humanos, todos os desejos humanos, todas as relações humanas – o mal se estruturou de tal maneira que afetou tudo e todos.
Esse mal está dentro de nós e ao nosso redor. Ele tanto é concebido por nós como também concebe novas formas de maldade todos os dias. O mal se alimenta de nós e nós nos alimentamos dele quando, continuamente, não confrontamos nossos pensamentos, desejos e intenções com a Palavra de Deus que tem pode suficiente para nos transformar – quando damos vazão a isso, nessa cogitação para fazer o mal, ele se estabelece dentro de nós modificando nossa estrutura e nos abrindo para prepararmos os atos de maldade, violência e depravação.
Entra então a segunda fase – a preparação. Veremos na parte 3 desde artigo.
Até lá.
Recomendo fortemente a leitura de “Uma igreja chamada TOV” (clique aqui)
Pr. Gedeon Lidório
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