Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.
As eleições majoritárias no Paraná de 2026 serão muito diferentes, com a provável presença de três chapas competitivas. Jogo aberto porque as composições serão fundamentais para o confronto, além das interferências do quadro nacional, especialmente se Ratinho estiver escalado, mas nas proporcionais, de novo, é jogo de cartas marcadas.
Iniciando a análise pelas majoritárias, Alexandre Curi, provável candidato da situação, Sergio Moro, candidato mais a direita e Marcelo Belinati ou Luciano Ducci, pelo centro, mas com apoio dos partidos de esquerda, parece ser a projeção mais coerente, neste momento. Com três nomes fortes, a vaga para o segundo turno é viável com piso em 25%.
Lógico que nenhum destes nomes está confirmado, talvez Sergio Moro que tem posição sólida na legenda e sem contestações na ponta direita, embora sempre seja possível imaginar um quarto nome nesta ponta, considerando a interferência do quadro nacional ou mesmo do PL. Moro desponta como favorito na largada, muito em função do recall eleitoral e da posição eleitoral bastante confortável, principalmente em Curitiba, Maringá e Ponta Grossa.
Alexandre Curi, com sólida posição nos municípios do interior e aparente domínio das máquinas partidárias, leva bastante vantagem sobre outros nomes, e existem vários, que permitem algumas conclusões antecipadas; se quiser, tem legenda para disputar, porém, sem somar a situação pode comprometer o quadro. Com Ratinho para o Senado, ou majoritárias nacional, pega carona e pode chegar nos grandes centros com uma excelente dianteira e, fato inquestionável, tem muito mais habilidade que o Senador Moro que coleciona problemas na trajetória partidária.
A eleição de Curitiba sinalizou ao PT que sua rejeição é ainda proibitiva nas disputas diretas, em especial no segundo turno, e, com a lição de Curitiba bem assimilada, deve apoiar uma chapa comprometida com Lula, nas eleições nacionais, e optar por candidatura ao Senado com nome próprio, Enio Verri como favorito pelo trânsito em espaços empresariais e sem a rejeição que, por exemplo, se associa de imediato a nomes como de Gleisi Hoffmann, e portanto com muita viabilidade para uma disputa com duas vagas disponíveis.
Luciano Ducci e Marcelo Belinatti, este confortável mais sem espaço em sua sigla, podem encabeçar a chapa de “centro”, com o vice também de sigla mais ao centro, porque a lógica indica migração natural dos votos de esquerda, sem necessariamente comprometê-los com a rejeição, ainda persistente no Paraná.
Acredito que o fator Greca seja o único capaz de comprometer o quadro. O ex-prefeito é um grande eleitor na região metropolitana, embora tenha dificuldades físicas para uma campanha exigente, tem potencial para desequilibrar a disputa, compondo como vice ou senador em qualquer das chapas.
Todas as emoções se encerram por aí porque as leituras indicam que na eleição proporcional, em função das atuais regras e do fluxo financeiro das verbas partidárias, que correm em direção aos caciques partidários, a renovação será mínima e restrita a retornos de políticos que bateram na trave em 22, reforçada pela safra de secretários e prefeitos bem avaliados nas grandes cidades. Sobrarão meia dúzia de vagas para duas centenas de candidatos, estimulado pelas migalhas do fundão ou empolgados em largar projetos municipais em dois tempos.
O quadro político do Paraná é apenas uma grande confraria com algo em torno de cento e vinte nomes, em um grupo onde o acesso principal é a hereditariedade, que se revezam no exercício do poder, alternando cargos eletivos ou primeiro escalão e dividindo as responsabilidades do exercício do poder, com a urna apenas servindo como balizador do peso de cada membro da confraria.
Imagine a disputa para a Câmara Federal, com trinta nomes disputando a reeleição, logo com quatro anos de emendas e tratamento especial na boca do caixa dos governos, meia dúzia de secretários com uma gestão inteira de indulgências aos municípios o interior, além de uma safra de ex-prefeitos com Paranhos (Cascavel), Ulisses Maia (Maringá), Belinati (londrina), além de uma dúzia de centros menores como Tauillo Tezeli (Campo Mourão) ou Delegado Kaique (Paranavaí), some a isto a divisão desproporcional de recursos do fundão eleitoral que contemplou a lista dos eleitos com valores sempre superiores a 1,5 milhão e teve apenas um suplente com valores próximos a 1 milhão porque aos outros os repasses obedeceram ao teto de 300 mil reais, tornando a disputa desigual e antidemocrática.
Eventuais surpresas serão raras, uma ou duas em Brasília, e no máximo meia dúzia na Assembleia, engessando o processo de renovação das lideranças políticas e reforçando a tese de grande confraria do quadro político.
Sem nenhuma chance de alteração com as atuais regras, é difícil imaginar que os atuais detentores de mandato alterem algo que lhes é favorável ainda que em direção a um sistema notoriamente mais democrático e evoluído.
Isto existe? Sem dúvidas e reponde pelo nome de Voto Distrital, um aperfeiçoamento do jogo democrático, apenas viável através da mobilização da sociedade civil.
Visto esta camisa com convicção e te convido a buscar informações e se engajar sob pena de continuar elegendo os mesmos.
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