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O dilema dos evangélicos imigrantes nos EUA: entre a fé no evangelho e o apoio às políticas de Trump

A comunidade evangélica brasileira nos Estados Unidos tem experimentado um crescimento significativo, tornando-se um espaço de acolhimento espiritual e social para milhares de imigrantes. No entanto, uma contradição se impõe: ao mesmo tempo em que essas igrejas servem como refúgio para muitos que buscam uma nova vida, parte de seus fiéis e lideranças apoiam políticas antimigratórias severas.



Esse apoio, frequentemente justificado por alinhamento com valores morais conservadores, coloca os evangélicos brasileiros nos EUA diante de um paradoxo: como conciliar a defesa de um governo que criminaliza imigrantes com a prática de um cristianismo que prega o amor ao próximo?


O apoio evangélico a Trump e as políticas antimigratórias


Desde sua primeira candidatura, Donald Trump contou com um forte apoio da comunidade evangélica nos EUA, incluindo brasileiros. A promessas de defesa da "família tradicional", combate ao aborto e às políticas de gênero conquistaram muitos líderes religiosos. Contudo, a mesma administração que se apresenta como defensora da moralidade cristã também impõe medidas migratórias extremamente rigorosas, atingindo de forma direta e indireta milhares de brasileiros indocumentados.


A retórica política que descreve imigrantes como "ameaças" reforça um discurso de medo e exclusão, frequentemente aceito dentro das igrejas. No entanto, esse apoio não leva em conta o impacto real dessas políticas sobre a própria comunidade evangélica imigrante, que se vê cada vez mais vulnerável a deportações e perseguições.


O ensino bíblico sobre o estrangeiro e o refugiado


A tradição cristã sempre incluiu a acolhida ao estrangeiro como um mandamento divino. A Bíblia é clara sobre a responsabilidade de cuidar dos imigrantes:


  • Levítico 19:34 — "O estrangeiro que reside entre vocês deverá ser tratado como natural da terra. Ame-o como a si mesmo, pois vocês foram estrangeiros no Egito."

  • Mateus 25:35 — "Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram."


Diante dessas passagens, como justificar o apoio a políticas que criminalizam e perseguem imigrantes? A fé evangélica deve estar alinhada às Escrituras ou aos interesses políticos temporais? Essa tensão entre moralidade bíblica e pragmatismo político revela uma crise de identidade na comunidade evangélica imigrante.


O risco do cristianismo nacionalista e da perda da empatia


O cristianismo nos Estados Unidos tem se tornado cada vez mais entrelaçado com o nacionalismo. Essa fusão de identidade religiosa e ideológica leva à marginalização de grupos vulneráveis, incluindo os próprios evangélicos indocumentados.


Outro fenômeno preocupante é a postura dos imigrantes que já conseguiram sua documentação e passam a defender medidas restritivas contra aqueles que ainda vivem na ilegalidade. Essa falta de empatia reflete uma mentalidade individualista que contradiz princípios fundamentais da fé cristã.


  • Como um imigrante que já enfrentou dificuldades pode esquecer sua própria história e defender a exclusão de outros?

  • Como essa visão afeta a imagem da igreja como um espaço de acolhimento e solidariedade?


A igreja deve ser um local de refúgio e esperança para todos, não apenas para aqueles que já alcançaram segurança jurídica e financeira.


Para onde caminha a comunidade evangélica imigrante?


O apoio irrestrito a políticas antimigratórias pode trazer consequências inesperadas para a própria comunidade evangélica brasileira nos EUA. A continuidade desse apoio pode gerar:


  • O afastamento dos imigrantes das igrejas, temerosos de serem expostos ou marginalizados.

  • Uma crise de identidade dentro das congregações, onde o compromisso com a fé entra em conflito com a lealdade política.

  • O enfraquecimento das redes de apoio, tornando os imigrantes ainda mais vulneráveis às políticas de deportação.


Para que a igreja mantenha sua relevância e coerência, é necessário que os líderes evangélicos questionem suas alianças políticas e priorizem os valores do Evangelho.


O paradoxo da comunidade evangélica brasileira nos EUA está claro: apoiar políticas antimigratórias significa, de certa forma, lutar contra si mesmo. O discurso de medo e exclusão promovido por certos grupos políticos não pode se sobrepor ao compromisso com o amor ao próximo ensinado por Cristo.


O desafio para os evangélicos brasileiros nos EUA é grande. Eles precisam decidir se sua fé será guiada por valores bíblicos autênticos ou por alianças políticas passageiras. O que está em jogo não é apenas uma questão de identidade política, mas a própria essência do cristianismo vivido por essa comunidade.


Se a igreja perder sua capacidade de acolher, quem ainda se sentirá parte dela?


Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

 

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