Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e comunicador.
Para iniciar, listo três chapas hipotéticas para 2026; na ponta direita, Ratinho presidente e Michele Bolsonaro para vice; pela ponta esquerda, Lula presidente e Ratinho para vice, sendo ainda possível Ratinho presidente e Ronaldo Caiado como vice, uma chapa que tentaria ocupar a centro direita. Como assim? O atual governador do Paraná presente em todas elas? Sim, o candidato com mais mobilidade, até agora, é o coringa da próxima eleição.

Esta mobilidade incomoda porque é inédita no atual processo de sucessão. Enquanto os nomes ventilados evitam ações mais eloquentes, assistindo com timidez o início do jogo, o PSD, bem ao estilo Kassab, mantém todas as possibilidades em aberto e o candidato se movimenta com agilidade, conversando com todos, apresentando números paranaenses como handicap e estudando com afinco as alianças possíveis.
Todavia, esta não é a estratégia dos demais players. A inércia da esquerda é justificado; o nome único é Lula e apenas uma remota possibilidade de que ele esteja fora da disputa é um eventual problema de saúde e, neste caso, entra o substituto imediato, o ministro Haddad. Observe que os avanços da esquerda se farão muito mais em ações de formatação de seu governo, como moeda principal da montagem da chapa eleitoral, com total domínio de Lula que, ao colocar Gleisi Hoffmann na articulação, sinaliza que, se necessário segue isolado na esquerda, com vaga garantida na segunda rodada e apostando na divisão da direita.
Na outra ponta, Jair Bolsonaro, completamente fora da disputa, segue resoluto em aposta sem sentido porque 2026 não é hipótese viável. Bolsonaro exilado na Argentina ou na Itália é uma aposta com odds muito melhores que sua presença na disputa eleitoral, mas, enquanto ele não abrir caminho, a direita segue fragmentada e abre mão de seu player mais forte, o governador Tarcísio que, parece muito evidente, só sairia da disputa estadual com amplo apoio da família Bolsonaro e isto é improvável, no curto prazo. Sem Jair ou Tarcísio, a união da direita será muito improvável.
Romeu Zema e Eduardo Leite tem muitas dificuldades em seus estados e isto limita suas possibilidades, sendo cada vez mais evidente que são apenas opção para a vaga de vice. Pablo Marçal morreu enforcado na sua autossuficiência e está fora do jogo.
Fora das pontas, Simone Tebet se perdeu no guarda-chuva de Lula e terá que enfrentar eleições estaduais como melhor alternativa. O surpreendente Ciro Gomes persiste com um recall eleitoral excelente que, se tivesse legenda e time, poderia se colocar no centro do tabuleiro. Todavia, sem sigla, sem fundo eleitoral, sem apoios expressivos, não parece ter fôlego para sustentar os números da largada.
A família Bolsonaro, sem o carisma de Jair, são apenas boas opções para fechar a dupla e permitir uma transferência mais consistente do patrimônio eleitoral ao candidato escolhido, mas são opções menores no jogo, pela lambança que Jair aprontou nas eleições municipais, enfrentando boa parte de seus principais aliados, que até respeitam seu peso eleitoral, mas são agora incapazes de esconder uma desconfiança que se reflete como frieza em qualquer hipótese que esteja sob o comando de Bolsonaro.
Nesta leitura, persistem dois nomes; Ronaldo Caiado e Ratinho Junior. O primeiro, pressionado pela idade que aponta 2026 como sua última oportunidade, de posse de uma boa legenda e Ratinho, somando sua excepcional aprovação no Paraná, o prestígio do pai e a provável articulação de Gilberto Kassab, talvez o melhor estrategista do atual cenário, podem, exceto se os números forem proibitivos, estarem na disputa sozinhos ou em dupla.
Observe que ambas as legendas são muito fortes e tem poder de barganha, por hipótese, o PSD escala Ratinho na cabeça da chapa e cede o apoio e a vez para Sergio Moro, Senador do União do Paraná para a sucessão local. São apenas hipóteses que alimentam as especulações políticas e geram uma multiplicidade de alternativas para montar o tabuleiro político nacional.
Olhando apenas para o Paraná, a sucessão que terá Sergio Moro largando na frente, embalado pelo recall eleitoral, um candidato solto com apoio da esquerda e Alexandre Curi, ou ainda com o Secretário Guto Silva, que talvez tenha a simpatia do governador, como candidatos da situação e provavelmente favorito da sucessão.
Todavia tem o fator Rafael Greca, maior eleitor da capital, e o PP, sigla forte com a articulação de Ricardo Barros que precisam ser acomodados de alguma forma, sob pena de se transferirem para a canoa de Moro, embolando de vez a sucessão estadual.
Ratinho joga bem, se movimenta por todo o campo, é o coringa da sucessão, mas precisa definir seu jogo ainda esse ano porque a tradição informa que coringa que não define sua posição, acaba assistindo o jogo do banco de reservas.
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