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O(A) OUTRO(A) PERFEITO(A)

Por: Célio Juvenal Costa - Professor da UEM


Anos atrás assisti ao interessante filme A namorada perfeita (2012), uma espécie de comédia romântica, sobre um jovem escritor que quando escrevia seu segundo livro, imaginou uma garota perfeita que passou da sua ficção para a sua realidade e, com isso, ela acabou se tornando a sua namorada igualmente perfeita. No entanto, a perfeição, que era ditada (datilografada, na verdade) por ele se transformou, com o tempo, em tristeza e angústia. Sem querer tirar a graça com spoilers para quem for assistir ao filme, quero aqui pensar sobre a figura do outro ideal, pois penso que foi este o objetivo do filme. O filme é uma metáfora, trabalhada de forma muito contundente e sensível.

 

 

Acho que estamos sempre em busca do outro ideal para nossa convivência. E eu não falo somente do namorado ou da namorada perfeitos, mas, do pai perfeito, da mãe perfeita, do professor perfeito, do amigo perfeito. A perfeição que buscamos pode significar algo que somente nos traga felicidade, bem-estar, atenção, carinho, amor e outras coisas boas e prazerosas. No entanto, será possível existir uma relação em que não haja tristeza, decepção, frustração, negação, limitações e outras sensações nada boas e nada prazerosas? Penso, também, que é até senso comum acharmos que qualquer relação tem seus altos e baixos, mas, o que quero pensar aqui com meus leitores é que me parece que cada vez mais as pessoas estão em busca do outro perfeito, e não conseguem lidar direito com o imperfeito.

 

O outro perfeito é o outro por nós idealizado, é aquele que, no fundo, está para nos servir. No geral, isso começa na infância, quando se tem uma (des)educação familiar em que os pais ficam apenas satisfazendo os desejos (birras) dos filhos, se esquivando da tarefa dura que é negociar, dizer não, enfrentar as manhas dos filhos e, dessa forma, os pais acabam sendo, para a criança, os pais perfeitos, pois são aqueles que apenas lhes proporcionam o que dá prazer. Daí em diante, os professores perfeitos são aqueles que só dão boas notas e que não contrariam os alunos. Os amigos perfeitos são aqueles que devem emprestar os ouvidos sempre que necessário, que somente devem fazer elogios, que se diminuem sempre que for conveniente ao outro e que nunca contrariam. O namorado perfeito, a namorada perfeita, são aqueles e aquelas que se tornam projeção dos desejos do outro, que devem estar sempre prontos para atender os desejos do outro, que devem sempre entender as crises do outro, enfim, que se anulam para que o outro possa se impor. O(a) perfeito(a) será, enfim, quem fizer de sua vida uma contínua dedicação à vida do outro, aniquilando sua individualidade e sua liberdade. O perfeito sempre é perfeito para uma das partes somente...

 

Por tudo isso, é possível entender porque hoje em dia as pessoas preferem criar seus lindos pets, pois eles sim são pares perfeitos, pois é só alimentar, dar pouco de atenção e carinho, que eles retribuem sempre do mesmo modo. Amor perfeito acontece com os animais pelo simples motivo que eles não são humanos, com os quais, por sua vez, além de ser difícil encontrar o outro perfeito, quando isso acontece, um dos dois sofre simbolicamente uma morte contínua. Termino com uma frase de um outro filme que acho que cabe aqui também: "os iguais se atraem para, em seguida, se anularem". É isso!!!

 

 

Meu Instagram: @costajuvenalcelio

 

Obs: Esta é uma versão revisada e atualizada de um texto originalmente publicado no blog: devaneioseoutrasreflexões.blogspot.com.

 

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