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Foto do escritorGedeon Lidório

Não se engane: nem todos os homens públicos que falam de Deus ou em nome de Deus pertencem a Ele

De todos os homens maus, homens maus religiosos são os piores.

C. S. Lewis


Jesus nos advertiu que "nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?”. Então, eu lhes direi claramente: “Nunca os conheci. Afastem‑se de mim, vocês que praticam a iniquidade!" (Mateus 7.21-23).

 

Essa advertência traz um princípio importante: nem todos os que se dizem cristãos, que falam publicamente sobre moral e ética cristã, que exercem juízo sobre as práticas das pessoas, que juram defender a vida cristã, Jesus, a Igreja e outros mais - NEM TODOS - são cristãos de verdade - são apenas homens e mulheres que enganam a si mesmos, tentam enganar a Deus e enganam a muitas pessoas.

 

O que Jesus está dizendo é: falar qualquer um pode falar, mas somente aquele que faz a vontade de Deus é que pertence a ele.


 

Falar que é cristão, defender a causa cristã, a moral, os bons costumes, mas no íntimo viver na perversidade, na mentira, na cilada, na sexualidade pervertida, no engano, na fraude, de acordo com Jesus, não é alguém que o conhece e ele enfatiza: "Afastem‑se de mim, vocês que praticam a iniquidade" (Mateus 7.23).

 

Falar sobre moral cristã é algo que, a meu ver, soa como bater a cabeça na parede, pois, ao mesmo tempo que vivemos em um mundo que relativiza quase tudo, pertencemos, como cristãos, a um Deus santo, totalmente santo e, por conseguinte, somos chamados a ser como esse Deus é - "sede santos, porque eu sou santo" (1 Pedro 1:16).

 

A moral cristã não se limita (ou pelo menos não deveria!) a estabelecimentos do que é certo ou errado, mas sim, incutidos da máxima de que Deus é santo, deve ser um paradigma em que se vive os valores (de Deus) aplicados à vida humana. Esses valores devem ser a base sobre a qual construímos nossas vidas, refletindo a santidade de Deus em todas as nossas ações.

 

Viver de acordo com o que Deus é deve ser o nosso anseio absoluto. Mesmo que não consigamos isso perfeitamente no dia a dia, devemos seguir lutando, como Paulo diz: "esmurrando meu próprio corpo e fazendo dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado" (1 Coríntios 9:27). Esta luta não é simplesmente para fazer o que é certo e evitar o que é errado, mas para permitir que os valores de Deus permeiem cada um de nossos pensamentos, palavras e ações.

 

Não há nada mais abominável para a vida cristã do que um cristão que vive uma hipocrisia. Um cristão que, aparentemente, demonstra viver os princípios cristãos, mas que no privado é perverso e vive de maneira absolutamente depravada, contradiz tudo o que a moral cristã representa, mais vergonhoso e hipócrita se este homem for um homem público. Jesus condenou veementemente a hipocrisia dos fariseus, chamando-os de "sepulcros caiados" (Mateus 23:27), bonitos por fora, mas por dentro cheios de ossos de mortos e de toda a impureza.

 

Tiago (1.8) diz: "quem tem a mente dividida é instável em tudo o que faz". O texto enfatiza a divisão da mente, mostra que essa pessoa é inconstante e instável em seus caminhos, não tem firmeza de conduta ou de pensamento, é alguém sem firmeza de propósito ou convicção em sua fé e seu comportamento.

 

Tentar servir a Deus e ao mesmo tempo seguir o paradigma, as práticas e valores do mundo que nos cerca é ter compromisso dividido e Jesus alerta que “não se pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mateus 6.24).

 

A pessoa cristã hipócrita é perversa por natureza e não deveria ser chamada de cristão, mas alguém que serve à sua própria carne e sua própria natureza pecaminosa. Infelizmente, porque existe o joio junto com o trigo (Mateus 13.24-43), há, em nosso meio, muitos homens e mulheres que parecem cristãos, mas não o são e o revelam todos os dias pela hipocrisia que vivem, aparentando serem cristãos em público e no privado sendo perversos, desalmados, pecadores não arrependidos e sanguinários.

 

A hipocrisia não apenas prejudica o indivíduo, mas também a comunidade de fé e a até a sociedade como um todo, pois, há em nosso meio, cristão, homens e mulheres que são figuras públicas, que são políticos, empresários, líderes de algum seguimento, professores, médicos, advogados, pastores, padres e tantos mais que precisam ser ainda mais como Deus é - santos.

 

Na vida pública somos chamados não somente a uma santidade vocacional, mas sobretudo a uma santidade testemunhal, pois se somos chamados pelo seu nome (de Deus), representamos a ele em meio à sociedade e como tais a nossa fé fica em evidência e nossa vida é exposta ("porque nos tornamos espetáculo ao mundo" - 1 Coríntios 4.9) e nessa exposição levamos às pessoas o nome de Deus, e nossa vida e nossas ações devem refletir a vida de Deus para os outros.

 

Quando, porém, nesse "espetáculo ao mundo" vivemos de maneira escandalosa (causando escândalos), desonramos o nome de Deus, da sua santidade não temos participação e somos pedra de tropeço para as pessoas.

 

O homem (e a mulher) público não pode separar a sua vida - ou seja, não dá para viver publicamente proclamando virtudes e em particular ser podre, depravado, perverso e sanguinário. A vida com Deus requer inteireza de coração e não somente em público, mas sobretudo onde é mais difícil, quando nos encontramos em nossa vida privada, em nossos pensamentos, quando estamos em algum lugar que as pessoas não nos enxergam, quando estamos na intimidade de nossa vida - ali, nesse lugar solitário, onde estamos somente com nossa mente, coração e atitudes é que se revela verdadeiramente quem é de Deus (e busca a santidade a todo custo) e quem não é e deixa sua carne dominar executando toda sorte de depravação e perversidade.

 

Isso entristece muito o meu coração (e sou apenas um ser humano pecador). Fico imaginando como Deus deve se entristecer olhando para esta realidade.


Quando homens ou mulheres, que são cristãos e figuras públicas, que professam a fé cristã falham em ser testemunha fiel de Deus nas suas relações, isso causa um grande dano ao evangelho e o testemunho da igreja. O chamado à santidade é, portanto, não apenas pessoal, mas comunitário. É um chamado para viver de forma íntegra e transparente, refletindo a luz de Cristo em um mundo que, muitas vezes, vive nas trevas da relatividade moral.

 

Proclamar publicamente os “valores cristãos” e viver em privado perversamente é a antítese do pensamento cristão.

 

Sigamos o que Jesus disse: “Vigiem e orem, para que não caiam em tentações” (Mateus 26.41).

  

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

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