As forças de Israel promoveram nesta terça (24) o segundo dia de grandes ataques militares contra posições do Hezbollah no Líbano. O grupo fundamentalista aliado do Hamas na guerra contra o Estado judeu, por sua vez, lançou dezenas de foguetes contra o norte do rival.
Segundo as IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês), em 24 horas foram atingidos 1.500 alvos do Hezbollah, com o emprego de 2.000 bombas e mísseis lançados por aviões. Em Beirute, pela terceira vez desde a escalada da crise, um esconderijo de lideranças do grupo foi alvejado.
A ação ocorreu em um subúrbio no sul da capital libanesa. Segundo informações extraoficiais, morreu no ataque oo chefe da unidade de mísseis do Hezbollah, Ibrahim Qubaisi. Com estimados 160 mil unidades desses armamentos, o grupo é a mais poderosa força não estatal do mundo no campo.
O governo libanês, que coabita com o poderio militar superior do Hezbollah, que é também um partido político, diz que ao menos 6 pessoas morreram e 15, ficaram feridas no bombardeio.
"Nós temos três tarefas no Líbano. Afastar terroristas da fronteira, degradar a capacidade de lançamento de armas do Hezbollah e acaba com sua infraestrutura na região, permitindo que os 60 mil civis israelenses que tiveram de sair de casa voltem", disse à Folha o porta-voz militar Rafael Rozenshein.
Na segunda, Tel Aviv havia lançado o mais mortífero ataque em solo libanês desde a guerra civil do país árabe (1975-1990), matando 558 pessoas segundo as autoridades de saúde do vizinho. Ainda não há um balanço amplo sobre o que ocorreu nesta terça.
A troca de fogo começou cedo. Por volta das 3h (21h de segunda em Brasília), sirenes soaram em parte da região norte de Israel. Até as 15h (9h em Brasília), elas soaram mais 18 vezes. Ao menos 20 foguetes foram abatidos na primeira leva, segundo a Força Aérea israelense, e 60 no começo da tarde.
Segundo os fundamentalistas, uma base aérea israelense foi atingida por um de seus mais novos foguetes, o Fadi-3, que tem alcance superior aos 100 km de sua versão imediatamente anterior. As IDF não comentaram.
A rotina de terror segue dos dois lados da fronteira. O êxodo de civis do sul libanês, alertados a deixar casas próximas de posições do Hezbollah por meio de telefonemas automáticos e transmissões pirata de rádio por Israel, segue.
No Estado judeu, moradores da região de Haifa relataram que houve danos na queda de destroços de drones e foguetes, por sua vez.
Israel e o Hezbollah, grupo que é bancado pelo Irã assim como o Hamas, vivem em atrito desde o conflito de oito anos atrás. Mas o ataque terrorista do Hamas no 7 de outubro de 2023 levou os libaneses a escalar suas ações, lançando mísseis contra o Estado judeu já no dia seguinte à ação.
Ao longo dos meses, houve uma troca de fogo com momentos de maior tensão, como quando Israel matou o número 2 do grupo em Beirute, mas de forma geral houve comedimento: guerra aberta não interessa a ninguém, a começar os iranianos, em posição frágil.
Com a guerra em Gaza longe de acabar, mas também sem momentos tão agudos, o foco do governo de Binyamin Netanyahu foi ao norte. Críticos dizem que ele fez isso para manter o ritmo de conflito e afastar o risco de enfrentar uma eleição que poderia perder.
O governo nega, dizendo que incluiu como prioridade militar o retorno dos moradores, que alguns estimam em até 80 mil, à região norte do país porque a situação é insustentável. Nesta terça, o presidente israelense, Isaac Herzog, disse que Tel Aviv não tem interesse territorial no Líbano -país cujo sul já ocupou nos anos 1980.
Seja como for, Israel começou a pressionar o Hezbollah já na semana passada, com a temporada de pagers e walkie-talkies explosivos nas mãos de seus integrantes, seguido por um ataque que dizimou a cúpula a Força Radwan, unidade encarregada de infiltrações em Israel.
Isso foi seguido por um aumento da atividade do grupo fundamentalista e, na segunda e na terça, os golpes mais duros da aviação israelense.
A tensão leva ao temor óbvio de um conflito que se espalhe e envolva mais intensamente outros prepostos de Teerã na região, como a Síria ou os houthis do Iêmen, e a própria teocracia.
O tema dominou as falas da abertura da Assembleia-Geral da ONU nesta terça, com tanto o secretário-geral da entidade quanto o presidente iraniano dizendo que "o Líbano não pode virar uma outra Gaza".
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