top of page
2-1600x500px (5).jpg
Foto do escritorGedeon Lidório

Intolerância religiosa no Brasil: o desafio de conviver com a diversidade

A intolerância religiosa é uma violação dos direitos humanos que persiste como um desafio significativo em sociedades multiculturais, como o Brasil. Apesar de sua rica diversidade religiosa, o país tem enfrentado um aumento alarmante de episódios de intolerância. Dados recentes do Disque 100, divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, revelaram que em 2023 houve 2.124 denúncias de violações relacionadas à intolerância religiosa, um aumento de 80% em comparação ao ano anterior. 



Em Mateus 7.12 Jesus dá uma lição tremendamente impactante sobre o tema do respeito mútuo, a partir de uma visão lógica do cuidado de si - ele diz que tudo aquilo que queremos que as pessoas façam a nosso respeito deve ser um guia para que sigamos com respeito ao outros - ("tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós também; porque esta é a Lei e os Profetas" - Mateus 7.12).

 

Certamente não queremos ser tratados com intolerância, ódio ou mesmo com desprezo e assim deve ser nossa prática em relação aos outros (não importa quem seja).

 

Mesmo o Brasil, conhecido por sua pluralidade cultural e religiosa, enfrenta uma contradição: enquanto sua Constituição garante a liberdade religiosa, práticas discriminatórias continuam a ocorrer. Religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, são as principais vítimas dessa intolerância, muitas vezes associada a preconceitos raciais e culturais enraizados.

 

Os atos de intolerância religiosa têm consequências graves, incluindo a destruição de templos, ataques a lideranças religiosas e a exclusão social de praticantes. Além de prejudicar as comunidades afetadas, esses atos reforçam a polarização e o discurso de ódio na sociedade brasileira.

 

Nossas leis falam sobre essa liberdade. A Constituição Federal de 1988 estabelece o Brasil como um Estado laico e garante a liberdade religiosa. Além disso, a legislação penal prevê punições para atos de discriminação religiosa. Apesar disso, a aplicação das leis muitas vezes se mostra insuficiente diante da magnitude do problema.

 

Por isso, iniciativas como o Disque 100 têm sido fundamentais para registrar e acompanhar casos de intolerância. Contudo, ainda há necessidade de maior sensibilização entre agentes públicos e da implementação de políticas preventivas mais efetivas além de uma profunda mudança de pensamento na cultura brasileira.

 

Por que mudança cultural? É simples de ver que a intolerância contra religiões de matriz africana frequentemente está ligada ao racismo estrutural, por exemplo. Os ataques a terreiros e lideranças religiosas não só refletem preconceitos religiosos, mas também perpetuam a marginalização histórica da população negra no Brasil. Uma coisa está intrinsecamente ligada a outra – quer queiramos admitir ou não!

 

O racismo estrutural e as intolerâncias religiosas estão sempre ligados. O cristão deve perceber o quanto isso (a intolerância) é prejudicial para sua própria fé.

 

Lucas, em Atos descreve um discurso de Paulo onde ele fala a seguinte frase:

 

"de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra" (Atos 17.26).

 

A raça humana (toda ela, seja de onde for, que cor tenha, que sociedade seja) descende de um só casal, ou seja, todos nós somos humanos e iguais perante Deus, não há diferença nenhuma entre nós como humanos e isso, para nós os cristãos deveria ser um ponto convergente de tolerância pois estamos diante de pessoas que foram criadas à imagem e semelhança de nosso criador!

 

As redes sociais desempenham um papel ambíguo: enquanto possibilitam a denúncia e o debate sobre intolerância, também são utilizadas para disseminar fake news e discursos de ódio. A educação digital é fundamental para ajudar nisso, mas sempre fica a pergunta: será que uma regulação será inevitável para mitigar esses problemas? Como fazer isso sem ferir direitos de todos? Essas são demandas da sociedade moderna que precisamos buscar soluções.

 

Há caminhos que podemos passar para promover a liberdade em relação a isso e alguns deles são:

 

A inclusão de conteúdos sobre diversidade religiosa nos currículos escolares é fundamental para desconstruir preconceitos desde cedo. Campanhas de conscientização também podem ajudar a promover o respeito às diferenças. Além disso, Iniciativas que promovem o diálogo entre diferentes crenças são fundamentais para construir pontes de entendimento e respeito. Exemplos de projetos colaborativos entre lideranças religiosas mostram que a convivência pacífica é possível.

 

É preciso sair do estigma de que saber dialogar significa praticar a religião do outro. Podemos dialogar, conversar, convergir em pontos sensíveis socialmente falando, sem que as crenças sejam anuladas ou “misturadas”.

 

O fortalecimento de programas voltados para a proteção de comunidades vulneráveis e a capacitação de agentes públicos para lidar com casos de intolerância são passos importantes para garantir a liberdade religiosa no Brasil.

 

A intolerância religiosa no Brasil reflete não apenas uma violação de direitos, mas também um desafio à convivência democrática. Dados recentes mostram que há muito a ser feito, mas também evidenciam a importância do engajamento de todos os setores da sociedade.

 

Sei que este não é um assunto que muitos gostam de lidar ou falar ou mesmo que será resolvido em pouco tempo, mas é sempre bom poder pensar que há coisas para aprendermos, medidas que podemos tomar e a prática do que Cristo nos ensina de amar o outro como amamos a nós mesmos deve ser sempre uma prioridade.

 

Que Deus nos ajude!

 

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

Comments


sinveste.png
454570806_893951759429063_5834330504825761797_n.jpg

Nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados nos espaços “colunas” não refletem necessariamente o pensamento do bisbilhoteiro.com.br, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

* As matérias e artigos aqui postados não refletem necessariamente a opinião deste veículo de notícias. Sendo de responsabilidade exclusiva de seus autores. 

bottom of page