Uma pesquisa baseada em coleta e análise de amostras identificou a presença de fármacos, cafeína, analgésicos, anti-inflamatórios e componentes da cocaína nas regiões costeiras de Ubatuba, inclusive em áreas ecológicas como a enseada do Flamengo e a baía da cidade.
A pesquisa faz parte da tese de doutorado "Produtos farmacêuticos e de higiene pessoal na zona costeira em Ubatuba (Brasil): um hotspot ecológico e turístico que enfrenta alta contaminação", realizada no Instituto de Oceanografia da USP (Universidade de São Paulo) por Luciana Rocha Frazão.
Segundo a Agência Universitária de Notícias, a pesquisa identificou 15 dos 22 componentes-alvos. Eles foram encontrados desde a região litorânea até áreas mais afastadas da costa. Isso, segundo a pesquisadora, indica uma contaminação extensa e com baixo nível de diluição.
"As características físico-químicas deles não permitem uma diluição por completo e os tratamentos de esgoto não eliminam esses compostos, até porque são muitos e não se sabe os efeitos deles", afirmou Luciana à agência.
Entre as possíveis consequências da contaminação estão o impacto na cultura e na economia da pesca na região e na saúde da população. O acúmulo de poluentes nas águas marinhas pode provocar os mesmos efeitos da emissão de gás carbônico na atmosfera.
"Esse acúmulo pode resultar em mudanças significativas que passam despercebidas até que um ponto de inflexão seja atingido, o que pode levar a consequências graves e irreversíveis para os ecossistemas marinhos", disse.
De acordo com a pesquisa, a expansão da contaminação é um dos fatores que a ONU (Organização das Nações Unidas) chama de tripla crise planetária: uma interação entre as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a contaminação química.
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