Terminei o outro artigo falando que existem três importantes ferramentas que podem nos ajudar a treinar nossa mente e coração para agirmos de maneira efetiva e auxiliar pessoas que passam por dificuldades e principalmente nos ajudar também quando nós mesmos somos vítimas de nossos próprios estigmas. Vamos ver quais são?
A primeira ferramenta é a EMPATIA.
Ela é poderosa na luta contra o estigma em saúde mental e nos permite entender e compartilhar os sentimentos dos outros, promovendo uma cultura de aceitação e apoio. Para cultivar a empatia, é preciso avaliar nosso nível atual e identificar áreas de melhoria. Fazer perguntas para nós mesmos pode ser útil para medir nosso grau de empatia e descobrir onde podemos melhorar.
Faça a si mesmo estas perguntas, de maneira bem sincera:
· Estou escutando ativamente quando alguém compartilha suas dificuldades emocionais comigo?
· Evito fazer julgamentos rápidos e realmente tento compreender a perspectiva do outro?
· Estou oferecendo apoio de maneira consistente e sincera?
· Dou atenção plena às pessoas quando elas falam comigo, sem me distrair com outras coisas?
· Consigo reconhecer e validar os sentimentos dos outros, mesmo quando não concordo com eles?
· Procuro entender as experiências e desafios únicos de cada pessoa, sem assumir que sei o que elas estão passando?
· Estou disposto a ajudar alguém em necessidade, mesmo que isso demande tempo e esforço?
· Como reajo quando alguém expressa emoções fortes ou difíceis? Sou acolhedor e compreensivo?
· Faço um esforço consciente para aprender mais sobre saúde mental e os desafios que as pessoas enfrentam?
· Estou contribuindo para criar um ambiente de aceitação e apoio ao meu redor, tanto em casa quanto no trabalho?
Como foram suas respostas sinceras?
Ao refletir sobre essas perguntas, podemos identificar áreas onde ajustes práticos são necessários. Praticar a escuta ativa é um passo fundamental: dedique toda a sua atenção à pessoa que está falando, evite interrupções e faça perguntas que mostrem um interesse genuíno. Para aumentar a conscientização sobre saúde mental, participe de palestras, leia livros e artigos, e compartilhe informações precisas sobre o tema. Demonstrar compaixão nas ações diárias, através de pequenos gestos de gentileza e compreensão, também pode ter um impacto significativo na vida de alguém que está enfrentando problemas de saúde mental.
A segunda ferramenta disponível para nós chama-se RESILIÊNCIA.
Em tempos de tragédia, torna-se essencial desenvolver uma habilidade valiosa: a resiliência. A resiliência é a capacidade de se adaptar e superar adversidades, uma competência necessária para manter nossa saúde mental e bem-estar. O espírito brasileiro, conhecido pela sua resiliência, alegria e solidariedade, especialmente em momentos difíceis, serve como um exemplo. Fortalecer os laços comunitários, participando de atividades locais, ajudando vizinhos e engajando-se em grupos de apoio, pode reforçar nossa rede de suporte. Praticar o otimismo realista, reconhecendo os desafios, mas mantendo a esperança e procurando soluções práticas, além de celebrar pequenas vitórias, ajuda a melhorar nosso ânimo e a nos manter motivados.
A terceira ferramenta é o AUTOCUIDADO.
Não podemos cuidar de tudo, mas temos a capacidade de fazer muito pelas pessoas que necessitam. Inicialmente, é importante lembrar que, sem o autocuidado, não conseguiremos ajudar de forma eficaz. Cuidar de nossa saúde física e mental através de atividades físicas regulares, alimentação equilibrada e técnicas de relaxamento, como a meditação, fortalece nosso corpo e mente. Manter tradições culturais, valorizando e participando de festividades brasileiras, traz um senso de normalidade e alegria, mesmo em tempos difíceis. Tudo na vida exige uma via de mão dupla nesse sentido, pois, quando nos propomos a cuidar de alguém é preciso sempre ter em mente que sem o autocuidado não conseguimos nos entregar à tarefa.
Combater o estigma em saúde mental exige uma combinação de empatia, resiliência e autocuidado. Ao avaliar e ajustar nossa capacidade de empatia e cultivar o espírito resiliente, podemos criar uma sociedade mais acolhedora e solidária para todos. Lembre-se, a mudança começa em nós mesmos e em nossas atitudes diárias. Juntos, podemos transformar adversidades em oportunidades de crescimento e fortalecimento comunitário.
Psicóloga Auriciene Lidório
Registro: CRP 08/20137 - CNES: 4598431
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