Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.
São mais de duzentos anos de independência e, acredite, enfrentar os portugueses foi a parte mais fácil para garantir liberdade para decidir nossos destinos.
Enfrentamos mazelas de todos os tipos e, ouso afirmar, a corrupção tem sido o adversário mais poderoso que compromete a nossa pátria, entendida com todas as variáveis que infestam a política; fisiologismo, nepotismo e tráfico de influência, para evitar as formas mais diretas.
Listo abaixo algumas manchetes dos últimos dois anos;
Ministro do Desenvolvimento Urbano destinou 48,5% das verbas para seu estado.
Ministro da Agricultura priorizou sua base com mais da metade das verbas.
FNDE libera verbas para 52 “escolas fake” para estado do ministro.
Pequeno município do Maranhão recebe recorde de verbas, equivalente a vários anos de seu investimento.
Registro que na listagem acima estão, em ordem alternada, notícias do governo anterior e do atual, mas, se você preferir, mude a ordem que continua tudo igual!
O governo anterior liberou 3,5 bilhões em emendas secretas.
O atual governo liberou 465 milhões apenas em julho deste ano.
Abandone, ainda que por instantes, seu político preferido, ou seu malvado preferido, e diga com sinceridade; o que difere Lula e Bolsonaro na relação com o Congresso?
Nada! Como afirmei inúmeras vezes durante a campanha, neste aspecto, são lados contrários da mesma moeda. O personalismo da nossa política, devidamente escancarado com seus principais ícones atuais, fez e fará qualquer negócio para garantir governabilidade ou, também se você preferir, a manutenção no poder.
O grande trauma do nosso país é a incapacidade de reservar recursos para obras que visem a redução do custo Brasil, em busca de mais competitividade, e garanta renda e empregos para muito mais brasileiros. Todavia, nunca sobram estes valores ainda que você os julgue prioritários.
Sempre que tiver que escolher entre uma obra prioritária para o país e uma verba para um deputado do centrão, ainda que desprovida de critérios, a opção será sempre a gentileza com donos do poder. De novo com atrevimento, afirmo que como o povo vota só uma vez a cada quatro anos e os deputados são requisitados para pautas importantes toda semana, será sempre melhor atender aos políticos. O povo? Espera na fila.
Infelizmente, vejo que a falta de cultura política coloca brasileiros apaixonados por seus políticos a se insultarem porque, todo dia, o que interessa é que seu malvado preferido é melhor que o do vizinho ou do babaca do trabalho. Falta um mínimo de visão, ou talvez meio metro de distância do debate, para perceber que a autonomia de Jair e de Lula é a mesma; nenhuma!
Bolsonaro fez tudo que o centrão mandou!
Lula faz tudo que o centrão manda!
E você, que sabe todos os palavrões para qualificar o outro, não consegue enxergar nosso real problema.
E como resolver? Não pense que é fácil, mas garanto pra você que os mecanismos para ajuste desta anomalia podem vir através de uma ampla reforma política que vede reeleições ao executivo, limite ao legislativo e imponha fidelidade programática nas votações, fortalece partidos e limita poder individual dos políticos.
Impor controles que podem ser copiados dos regimes parlamentaristas que exijam planos, metas com data e números de largada e chegada, gerenciadas por técnicos, e podem ser políticos também, devidamente sabatinados e demissíveis se, sem razão consistente, não cumpram metas. Meritocracia e controle no primeiro escalão não precisa ser apenas utopia.
Enquanto nada disto ocorre, Lula ou Bolsonaro, e quem vier, seguirá de joelho aos competentes articuladores do centrão no congresso e nós, pobres brasileiros que nem sabem que independência podem comemorar, ainda teremos que assistir muitos campeões de bolinha de gude, muitos fufucas da política, substituir campeões que sabem onde estão e para onde se deve ir.
Pensar em tudo isto poderia tornar meu 7 de setembro um dia de reflexão, mas com ajuda do ex advogado de Lula, Dias Tofoli, que sozinho sepultou a esperança de milhões de brasileiros que a justiça finalmente seria para todos, que jogou no lixo todas as provas de corrupção comprovada pela Lava Jato, transformou-se em decepção total.
Finalizando, repito meu mantra das eleições; com estas regras, Lula ou Jair, ou quem vier, são apenas mais do mesmo.
E reabilito algo que julgava superado neste país; justiça no Brasil é só para os três Ps; pobres, pretos e putas.
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