O dólar iniciou esta quinta-feira (5) em leve queda, mas ao longo da manhã o cenário se intensificou e a moeda americana despencou. Às 13h10, o dólar registrava queda de 1,19%, cotado a R$ 5,971, marcando a primeira vez que opera abaixo de R$ 6 desde o anúncio das medidas fiscais do governo, na semana passada.
Nesta quarta-feira (4), a Câmara dos Deputados aprovou os primeiros pedidos de tramitação acelerada para dois projetos relacionados às medidas de corte de gastos propostas pelo governo Lula (PT), o que deixou o mercado otimista.
Já a Bolsa abriu em forte alta e disparou em seguida. Às 13h10, a Bolsa avançava 1,38%, alcançando 127.839 pontos, impulsionada por ações da Eletrobras, que subiam cerca de 5% após decisão relacionada à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), e por ações do setor bancário.
No cenário político, o projeto de lei complementar que submete novas despesas ao arcabouço fiscal e o projeto de lei ordinária do pente-fino no BPC (Benefício de Prestação Continuada) foram os dois primeiros aprovados para votação em regime de urgência pela Câmara.
O regime de urgência elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação das propostas, o que traz um alívio para o mercado. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse esperar que os projetos sejam discutidos pelo plenário da Casa na semana que vem.
"Espera-se que com a aprovação da Câmara, com essa pauta de urgência, os receios possam ser amenizados e que as propostas tramitem ainda este ano para aprovação", disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Apresentado na quinta-feira, o pacote de cortes de gastos prevê uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, mas decepcionou os agentes financeiros por excluir propostas de maior impacto nas contas públicas e por incluir a elevação para até R$ 5.000 na faixa de isenção do IR (Imposto de Renda).
A Fazenda estima que o aumento da faixa de isenção terá um impacto de cerca de R$ 35 bilhões na arrecadação federal. Isso será compensado, segundo Haddad, por uma alíquota mínima de 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.
A apresentação das duas propostas ao mesmo tempo, em um momento de grande expectativa pela contenção de despesas, passou a mensagem de que a preocupação do governo é mais política do que econômica, o que afetou a segurança sobre os ativos brasileiros.
As medidas geraram grande estresse no mercado e levaram o dólar a bater recordes na base nominal -a que desconsidera a inflação- por quatro sessões consecutivas.
Já as ações da Eletrobras e do setor bancário estão impulsionando a alta da Bolsa nesta quinta-feira.
As ações da Eletrobras ON (ELET3) dispararam quase 6%. Às 13h10, as ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias), subiam 5,07%, cotadas a R$ 36,83.
A Eletrobras anunciou que não está mais discutindo com a União a antecipação de recursos para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), medida que vinha gerando tensão no mercado.
A CDE é uma espécie de "superfundo" do setor elétrico, que banca uma série de políticas públicas e é custeada por meio da conta de luz.
Uma das condições que estavam na mesa era uma antecipação de recursos bilionários devidos pela Eletrobras para a CDE, o que ajudaria a aliviar a conta de luz dos consumidores. Segundo comunicado nesta quinta-feira, as conversas sobre esse tópico foram encerradas.
A notícia foi vista como positiva por analistas, que apontaram a possibilidade de a companhia pagar mais dividendos.
"Vemos a notícia como muito positiva não só porque indica que as negociações estão avançando, mas também porque pode permitir que a empresa pague dividendos maiores em um futuro próximo", disse o Itaú BBA, em nota.
Já o Citi afirmou que o fato de a empresa não ter de antecipar novos aportes para aliviar o custo da energia "elimina quaisquer potenciais desembolsos de caixa", dando mais visibilidade ao fluxo de caixa da Eletrobras, "o que poderia eventualmente abrir espaço para discussões sobre dividendos".
Além disso, novos acordos estão sendo debatidos, incluindo a garantia de preservação dos artigos da lei de privatização da empresa, especialmente o limite de 10% no direito de voto de qualquer acionista. Essas notícias trouxeram alívio para os investidores, indicando maior estabilidade nas regras e nos contratos da companhia.
Além da Eletrobras, as ações dos principais bancos também contribuíram para o desempenho da Bolsa. Santander subia 1,94%, Itaú valorizava 1,74%, Bradesco PN avançava 1,61% e BTG Pactual registrava alta de 1,43%. O movimento reflete o bom desempenho do setor financeiro.
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