Deus é o nosso descanso
- Christina Faggion Vinholo
- há 9 horas
- 2 min de leitura
Christina Faggion Vinholo, teóloga
Especialista em AT e NT
Vivemos dias em que o cansaço não é apenas físico, mas emocional, espiritual e existencial. Às vezes, a alma chega à beira da exaustão. Há tarefas demais, dores demais, expectativas demais. O corpo fraqueja, os pensamentos se embaralham, o coração aperta — e tudo em nós clama por alívio. É nesse ponto que a fé reformada nos lembra de algo essencial: o verdadeiro descanso não está em uma pausa nas atividades, mas na presença de Deus.

O salmista escreve: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação, o meu alto refúgio; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza e o meu refúgio estão em Deus” (Salmo 62:5-7).
A teologia reformada ensina que Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive sobre o nosso ritmo de vida. Ele não apenas conhece o nosso limite — Ele o estabeleceu. E, em sua graça, nos convida a descansar n’Ele, não como um escape, mas como um realinhamento com quem somos e com quem Ele é. O descanso em Deus não é uma interrupção do “dever cristão”, mas parte dele. É obediência. É confiança.
Jesus ecoa esse chamado ao descanso quando diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). O contexto aqui não é apenas o peso das circunstâncias, mas o fardo da religiosidade legalista que exigia méritos humanos para agradar a Deus. Jesus convida ao descanso de uma alma que já não precisa se provar, mas pode repousar na justiça dEle.
Em Hebreus 4, o autor aponta para um descanso ainda mais profundo: aquele que foi prometido desde a criação, figurado no sábado, cumprido em Cristo. “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas” (Hebreus 4:10). Esse é o descanso do Evangelho. Não se trata apenas de dormir melhor ou tirar férias, mas de saber que em Cristo, não há mais condenação, nem necessidade de autopreservação ansiosa — estamos seguros, amados, supridos.
João Calvino escreve: “O coração humano é uma fábrica de ídolos”. Muitas vezes, estamos exaustos porque colocamos nossa identidade em ídolos — sucesso, aprovação, controle, produtividade — e eles cobram mais do que podem dar. Só Deus pode nos satisfazer. E em sua fidelidade, Ele permite até o cansaço para nos conduzir de volta ao único lugar onde há refrigério real: a sua presença graciosa e suficiente.
Portanto, se você está cansado, esgotado, prestes a desistir — não fuja, não se esconda, não tente resolver com as próprias forças. Corra para Deus. Ele não exige que você chegue forte, só que você venha. Ele é a Rocha onde podemos repousar. Ele mesmo é o nosso descanso.
Instagram: @chrisvinholo
E-mail: chrisvinholo@gmail.com
Comentários