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Foto do escritorGedeon Lidório

Deus não é nosso gênio da lâmpada

Vivemos em uma cultura onde a ideia de "realização pessoal" é frequentemente colocada como o objetivo supremo da vida. Esse conceito, infelizmente, tem sido indevidamente transferido para a esfera espiritual, levando muitos a acreditar que Deus existe para atender nossos sonhos, desejos e caprichos, como se fosse um gênio da lâmpada. A analogia do gênio que realiza desejos você conhece: basta esfregar a lâmpada e formular um pedido, e o gênio se encarrega de satisfazer o desejo do "dono". No entanto, essa visão está longe de refletir a realidade de quem Deus é.

 


Quero desafiar essa visão distorcida e oferecer uma compreensão que penso ser bíblica de Deus, mostrando que Ele não existe para realizar nossos sonhos e desejos pessoais. Em vez disso, Ele é o Criador soberano, que age para Sua própria glória e cumpre Seus próprios planos, independentemente de nossas vontades.

 

A Bíblia é clara ao afirmar que Deus age, primeiramente, para a Sua própria glória. Em Isaías 43:7, lemos: "a quem criei para minha glória, a quem formei e fiz". Este versículo, entre muitos outros, nos revela que o propósito supremo de Deus em toda a criação é a Sua própria glória. Ele não age em função das expectativas humanas, mas em função de Sua natureza e de Seus planos eternos.

 

No Novo Testamento, Efésios 1:12 também reforça essa verdade: "a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória". A vida cristã, portanto, é uma vida vivida para a glória de Deus, e não para a satisfação dos nossos próprios desejos.

 

A soberania de Deus é outro aspecto importante que precisamos entender. Deus é soberano sobre todas as coisas, incluindo nossos desejos e vontades. Romanos 11:36 declara: "Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Tudo o que existe, existe por causa de Deus e para Deus. Isso inclui os nossos planos e aspirações.

 

Deus, em Sua soberania, orquestra todas as coisas de acordo com Sua vontade perfeita. Isso significa que, mesmo quando nossos desejos parecem justos ou legítimos, eles só se concretizam se estiverem alinhados com os propósitos divinos.

 

Há uma diferença significativa entre os planos de Deus e os desejos humanos. Muitas vezes, nossos planos são moldados por ambições pessoais, sonhos de sucesso, ou a busca por conforto e segurança. Porém, como Provérbios 19:21 nos adverte: "Muitos são os planos no coração do ser humano, mas o que prevalece é o propósito do Senhor."

 

Um exemplo claro disso está na história de José. Quando ele foi vendido como escravo por seus irmãos e posteriormente preso no Egito, poderia ter sido fácil pensar que seus sonhos de grandeza estavam destruídos. No entanto, Deus tinha um plano maior que os sonhos de José, um plano que envolvia salvar muitas vidas (Gênesis 50:20). Isso nos ensina que, muitas vezes, nossos planos precisam ser submetidos e até mesmo sacrificados para que os planos de Deus prevaleçam.

 

Os desejos humanos são, muitas vezes, instáveis e podem ser movidos por egoísmo, orgulho ou ganância. Em Tiago 4:3, somos advertidos: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos próprios prazeres." Isso nos lembra que nossos pedidos a Deus nem sempre são puros e muitas vezes estão focados em nossos próprios interesses, ao invés de buscar a vontade dele em primeiro lugar.

 

Qual é a qualidade dos nossos desejos? Há uma grande necessidade de submetê-los à vontade de Deus, reconhecendo que Ele sabe o que é melhor para nós, mesmo quando isso significa negar aquilo que queremos.

 

Deus não é um banco e esta é uma das distorções mais comuns da fé cristã moderna que é a teologia da prosperidade, que ensina que Deus deseja que todos os cristãos sejam ricos e bem-sucedidos financeiramente. Essa visão, no entanto, trata Deus como um "banco divino", onde se pode "sacar" bênçãos materiais através da oração e da fé. Jesus, no entanto, nos adverte em Mateus 6:19-21 a não acumularmos tesouros na terra, mas a focarmos nas riquezas celestiais – e que riquezas celestiais são essas? Em primeiro lugar e acima de tudo é Deus, a sua pessoa, a sua presença – esse é o tesouro que devemos buscar e desejar.

 

A verdadeira prosperidade, segundo a Bíblia, não é medida em termos de riqueza material, mas em termos de uma vida em conformidade com a vontade de Deus. Devemos lembrar que Deus nos dá aquilo que precisamos para cumprir Seus propósitos, e não necessariamente aquilo que desejamos para nosso próprio prazer.

 

Somente as obras que estão alinhadas com os planos de Deus prosperarão verdadeiramente. Jesus nos ensina em João 15:5 que, separados dEle, nada podemos fazer. Isso significa que até mesmo as melhores intenções e projetos humanos falharão se não estiverem enraizados na vontade de Deus.

 

Um exemplo disso pode ser encontrado na vida de Davi, que desejava construir um templo para Deus, mas foi impedido porque essa não era a vontade de Deus para ele. Em vez disso, Salomão, seu filho, foi escolhido para essa tarefa (1 Crônicas 17:1-12). O sucesso não é garantido pela nobreza dos nossos planos, mas pela conformidade deles com a vontade divina.

 

Submeter-se à vontade de Deus é um dos maiores desafios da vida cristã, mas também uma das maiores demonstrações de fé. Jesus nos deu o maior exemplo de submissão no Jardim do Getsêmani, onde orou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lucas 22:42). Esta oração exemplifica a atitude que devemos ter diante dos nossos próprios desejos: uma entrega total à vontade de Deus, confiando que Ele sabe o que é melhor.

 

Que a arrogância de pensarmos que somos mais do que realmente somos saia de nosso coração e que Deus tenha misericórdia de nós!

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

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