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Deu Trump. E agora?

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


Provavelmente, a mais disputada eleição americana, ainda que o placar final não reflita isto, porque foi também um grande divisor de águas entre pautas e prioridades conflitantes, sobre as quais o americano fez a sua escolha, mesmo sabendo que, com qualquer resultado, ônus e bônus estarão disponíveis logo à frente. Terá intensa consequências internas e externas e pretendemos falar sobre isto.



Analisando fatores estritamente eleitorais, estas eleições reafirmam a máxima histórica “é a economia, estúpido”, porque, basicamente, houve o confronto entre o bom recall da economia sob Trump e a pauta com foco no social, representada pela candidatura democrata. Kamala Harris sofreu também com um índice de aprovação sofrível da gestão Biden, na casa dos 40%, geralmente ponto de corte para as projeções; abaixo deste valor, derrota certa e acima de 60%, reeleição muito provável.


Resta olhar para a aldeia global, sempre sujeita ao impacto dos líderes mundiais para entender como segue o mundo, convivendo com Trump.


É provável que os conflitos sejam atenuados, no curto prazo. A Ucrânia perde o melhor padrinho e financiador e o juízo indica pressa para buscar um acordo que preserve os dedos porque os anéis certamente serão russos. Israel, que teve em Biden seu mais eficiente interlocutor, terá um corte profundo nas transferências e apoio, também indicando uma necessidade de atenuar as divergências regionais, cuja conta não cabe apenas na economia nacional. Por outro lado, o Irã, a pior relação do primeiro mandato de Trump, tende a repetir o desgaste por longos quatro anos.


Estas questões, aliadas a queda já registrada no preço do barril de petróleo, pela queda de demanda, em especial da China, podem aliviar a pressão inflacionária de mercados importantes como o europeu, principalmente pela possibilidade de redução da pressão da crise energética. Estes fatores somados mostram um vetor apontando para cima que pode ser uma tendência, de curto prazo, da economia americana e mundial. Depois? Só tempo responde.


Nosso Brasil também terá dificuldades de se ajustar sem os democratas, preferência desnecessariamente apontada por Lula na semana anterior, como se a posição de Bolsonaro já não indicasse isto. Mais do que sentados à mesa com a China, o resultado nos coloca no colo dos chineses, como maneira única de sustentar o equilíbrio da balança comercial e pode também indicar uma aposta ainda mais efetiva nos Brics.


Para quem precisa das exportações de comodities e agronegócio, a provável política de protecionismo, representada por subsídios e taxas de importação progressivas, a produção americana vai impor um bom castigo aos produtos brasileiros, cientes de que Trump olha pra dentro, para o seu quintal, e, apenas quando possível, estende a mão para fora.


Se a economia vai reagir positivamente, ainda este ano, diversas pautas mundiais serão relegadas e terão muita dificuldade para enfrentar os próximos quatro anos. Aquecimento global não está, e nem vai entrar na pauta de Trump, além da tentativa, até agressiva, de esvaziar algumas organizações mundiais, ou minimizar seu papel, como a Otan, ONU e OMS, dentre outras.


Mas a pauta mais preocupante é a tendência de que a nação mais poderosa do planeta recrudesça a relação com economias mais fracas e promova um combate ostensivo aos imigrantes. Trump, em momento de muito destempero chegou a declarar que os imigrantes indocumentados estariam “envenenando o sangue” dos americanos, talvez repetindo a célebre e repugnante frase da biografia mais famosa de Hitler.


Não acredito que a vitória republicana indique um movimento de fortalecimento da extrema direita, assim como nas eleições municipais os fatores locais foram muito mais relevantes, nas majoritárias nacionais os fatores internos são também muito mais impactantes para a definição do voto.


Sigo com a opinião de que a direita unida e com um só nome é favorita, ainda que isto seja difícil de construir, mas percebo também que o peso do PSD, após as urnas municipais, aponta para a possibilidade da chapa Lula – Kassab, com elevada densidade eleitoral, com plena condição de competitividade, talvez até favorita se outros fatores contribuírem.


Que fator? Os americanos responderam esta semana; “é a economia, estúpido”.




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