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Foto do escritorMarcio Nolasco

'Deselegante', 'covarde', 'caminho errado': 6 momentos em que Bolsonaro foi alvo da direita na eleição

Inelegível em decorrência de decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele também teve contestada sua posição de único líder da direita e bateu de frente com pretendentes desse campo político a uma candidatura à Presidência da República em 2026



Em uma eleição que teve um racha na direita entre suas principais marcas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu colocar um aliado na Prefeitura de Cuiabá, mas colecionou derrotas no segundo turno, em cidades como Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza.

 

Inelegível em decorrência de decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele também teve contestada sua posição de único líder da direita e bateu de frente com pretendentes desse campo político a uma candidatura à Presidência da República em 2026.


A disputa interna nesse grupo, bem como a postura dúbia de Bolsonaro em algumas cidades, deixou cicatrizes e tornou o mandatário alvo de críticas disparadas por integrantes e eleitores da própria direita.


No episódio mais recente, foi chamado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) de deselegante e desrespeitoso, mas a coleção de expressões desse fogo amigo inclui outras, como "porcaria de líder", "caminho mais errado" e indiretas nem sempre sutis. Confira:


*'BOLSONARO FOI EXTREMAMENTE DESELEGANTE'

Caiado e Bolsonaro têm uma relação de altos e baixos e travaram uma disputa em Goiânia. O ex-presidente apoiou o candidato Fred Rodrigues (PL), que foi derrotado por Sandro Mabel (União Brasil), o escolhido pelo governador.


Com a vitória, Caiado afirmou neste domingo (27) que sua forma de fazer política venceu a de Bolsonaro, cujas atitudes ele classificou como desrespeitosas, fruto de uma pessoa que se acha dona da verdade e dos votos.


"O que aprendi na minha vida é exatamente a fazer política. Eu faço política aglutinando forças, trazendo condições para que o projeto vá adiante. Sou o único governador que ganhou a eleição no primeiro turno. Ganhei a eleição do prefeito da capital e de toda a região metropolitana. Isso mostra que quem acertou na maneira de fazer política fui eu", disse o governador ao ser questionado sobre qual resposta daria a Bolsonaro.


"Não sou homem de fechar a porta para ninguém. Bolsonaro foi extremamente deselegante, até desrespeitoso, mas acho que, com a idade - e eu tenho alguns anos a mais - poderei transmitir a ele como é comandar um processo, como aglutinar forças e respeitar as lideranças de cada estado", disse Caiado após a vitória de Mabel.


Caiado disse que, apesar disso, buscará conversar com Bolsonaro para aglutinar forças e derrotar Lula (PT) na eleição presidencial de 2026.


'LEALDADE É ALGO FUNDAMENTAL NA POLÍTICA'

Em campanha em setembro, Ricardo Nunes (MDB), reeleito prefeito de São Paulo, reuniu aliados políticos de peso em um evento na Vila Olímpia (zona sul) -mas o político mais saudado foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).


Em seu discurso, Nunes agradeceu a lealdade de Tarcísio e afirmou, sem citar Bolsonaro, que nem todos estiveram ao lado dele no momento mais difícil da campanha.


"Hoje estamos bonitos na foto, está bem encaminhado. [...] Tarcísio esteve comigo em todos os momentos, os fáceis e os difíceis. [...] Não foram todos que fizeram isso, Mello, você sabe. [...] Lealdade é algo fundamental na política", disse, em campanha na Vila Olímpia.Após o evento, ao ser questionado pela Folha de S.Paulo, Nunes disse que não se referia a Bolsonaro.


'QUE PORCARIA DE LÍDER É ESSE?'

Em entrevista à colunista da Folha de S.PAulo Mônica Bergamo, dois dias depois do primeiro turno, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, expressou sua decepção com o ex-presidente e o acusou de se omitir nas eleições municipais de São Paulo por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB).


"Ele [Bolsonaro] não é criança. Sabe o que ele fez [na eleição de SP]? Jogou para os dois lados. Eu desafio: entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse. Que porcaria de líder é esse?", disse.


Menos de 48 horas depois de chamar o ex-presidente de covarde e omisso por causa de seu papel nas eleições municipais, o líder evangélico afirmou que fez as pazes com Bolsonaro, que o ex-presidente estava indignado e que o entendia por isso. "Ele, claro, com muito direito, senão ele não seria um ser humano."


'ESCOLHEU O CAMINHO MAIS ERRADO DA VIDA DELE'

Durante a campanha no final de setembro, Marçal afirmou que Bolsonaro "escolheu o caminho mais errado da vida dele", em referência ao apoio do ex-presidente à reeleição de Nunes.


Líderes do campo bolsonarista compartilharam um vídeo em que Bolsonaro critica Marçal por ter comparado a cadeirada que recebeu do apresentador José Luiz Datena (PSDB) com a facada desferida contra o ex-presidente em 2018.


Questionado sobre o vídeo, Marçal respondeu que Bolsonaro escolheu o caminho errado -assim como já havia afirmado sobre o governador Tarcísio, principal cabo eleitoral de Nunes. No entanto, não se estendeu na crítica.


"Eu não vou me levantar contra ele, que eu sei que foi alguém levantado por Deus. [Silas] Malafaia também, não vou levantar", afirmou.


O ex-coach também já declarou que Bolsonaro quer colocá-lo "no hall de pessoas que ele ajudou e que viraram as costas para ele", mas que, na verdade, foi Marçal quem o teria ajudado na campanha de 2022, pedindo votos e investindo recursos.


'TEM QUE VOTAR EM QUEM O BOLSONARO MANDA'

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) foi, durante a presidência de Bolsonaro, um ferrenho defensor do governo. A relação entre o deputado e o bolsonarismo se desgastou recentemente por causa das eleições municipais. O parlamentar apoiou o prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), contrariando as orientações do ex-presidente.


"Para que você seja bolsonarista, precisa concordar com tudo o que Bolsonaro diz e pensa. Tem que votar em quem o Bolsonaro manda. Por isso é que eu sou um ex-bolsonarista. Porque eu tenho vida própria", disse, em entrevista à Folha de S.Paulo.


'VOU DE BOULOS SÓ DE RAIVA'

Bolsonaro também sofreu críticas nas redes por seu apoio a Nunes após Marçal não passar ao segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo. Diversos comentários foram feitos em sua conta no Instagram: "vou de Boulos só de raiva agora", "espero que Boulos seja eleito" e ainda "espero que o Boles ganhe", citando o apelido dado por Marçal ao candidato do PSOL Guilherme Boulos, derrotado na segunda rodada da disputa.

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