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CÂMARA DE CIANORTE - Como traduzir a elevada renovação da Câmara em Cianorte?

Atualizado: 10 de out.


Por: Walber Guimarães Júnior - Eng. Civil e Diretor da CiaFM


Todos sabem que a eleição mais difícil é a de vereador, o funil mais complicado para quem chega ao jogo político. A disputa é desigual para os novos candidatos por inúmeros motivos que passo a expor.


Foto: Câmara Municipal de Cianorte


A primeira questão é da engenharia eleitoral, onde os vereadores atuais desenham o quadro milimetricamente, escolhendo legendas onde podem, com antecedência ter uma boa leitura dos adversários, cacifando seu potencial eleitoral. Os candidatos estreantes são, quase sempre, escolhidos pelos partidos, com todo o cuidado para preservar os espaços dos “donos da legenda”. Observe que qualquer dos atuais vereadores estariam eleitos com oitocentos e cinquenta votos e o Gabriel Alves perdeu com 869 votos porque a sua legenda era incipiente em força eleitoral.


Todos os vereadores fazem campanha por quatro anos, com trânsito na gestão pública, com acesso privilegiado à comunidade, com assessoria remunerada que se traduz em ativo político importante. Normalmente, os atuais vereadores são também contemplados com verbas e visibilidade superior pelas coordenações das campanhas majoritárias por serem mais conhecidos e conferirem mais peso ao palanque.


Registre-se também que qualquer vereador consegue um deputado que lhe sirva como padrinho, que o contemple com verbas que lhes garantam boas conquistas e bons discursos na base eleitoral.


Se os fatores lhes são tão favoráveis porque apenas três, dentre oito candidatos, conseguiram a reeleição?


Sem uma única resposta é importante registrar que nenhum deles teve um crescimento satisfatório de votos, com a possível exceção do Vereador Afonso que fechou em terceiro lugar com mais de 1300 votos e dois deles se reelegeram com votação inferior. Quantos aos reprovados nas urnas, dois deles estiveram em legenda que não atingiu o quociente eleitoral, e os três restantes tiveram votações honrosas, mas insuficientes.


Com frieza, é lícito avaliar que o resultado das urnas reflete o humor dos eleitores com a atual Câmara, sem nem mesmo entrar no mérito, mas apenas registrando uma constatação óbvia. No imaginário popular, a Câmara apenas serviu como poder auxiliar, homologando todas as ações do Executivo, de novo sem entrar no mérito, sem que a população observasse personalidade no debate destas propostas.


A Câmara, por contingência, teve destaque em dois processos de cassação de vereadores que, independentemente dos motivos, foram processos desgastantes que contribuíram para a construção de uma imagem negativa da Casa.


Faltou também marcar posição, demonstrar independência em várias questões polêmicas, como o sinal amarelo nas contas de pessoal, emitido pelo Tribunal de Contas do Estado, no grafite do Kobra ou mesmo na CPI dos terrenos, que por coincidência repousa inerte na gaveta dos três vereadores reeleitos.


A não reeleição não reduz o valor dos vereadores derrotados, figuras dignas e idôneas, que demostraram zelo público com a função, mas foram punidos pela imagem negativa da atual gestão que os impediu de obter votações mais elevadas.


Resta aos futuros vereadores, depois da justa comemoração pela vitória nas urnas, se valer das lições emanadas das manifestações do eleitorado que procura, que cobra, que pede favores, mas que também observa e cria juízo de valor da Casa e parece que, dentre as principais exigências, prioriza a independência de cada vereador.


Aprovar as boas iniciativas do Executivo, mas manter a altivez e cobrar literalmente todas as explicações de cada secretaria, de cada licitação, de cada projeto porque é exatamente para isto que são eleitos, reconhecendo que existem outras funções, mas com a convicção que esta é essencialmente a justificativa maior para existência do poder legislativo, parece ser a receita exigida pelos eleitores.

 

 

 

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