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Com esta comissão técnica, trabalhador continuará levando um 6 a 1 por semana.

Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


Lamento ser direto e objetivo; o Brasil, no curto prazo, não sustenta a alteração na carga horária semanal do trabalhador. Praticamente todos os envolvidos sabem disto, mas, como jogadores mascarados que não se preocupam com o time, seguem jogando para a torcida.



Sabe quando o adversário está goleando e a estrela do time resolve limpar a sua barra, com dribles espertos para trás? É exatamente o que acontece neste momento no Congresso, com a maioria dos deputados que deveriam entender que o rombo fiscal e a carga tributária são a nossa realidade no final de 2024, no entanto fica parecendo um treino sem bola; os deputados governistas assinam sem dó a proposta que os coloca ao lado da torcida, que quer o time no ataque, para desespero do técnico que sabe que as consequências são quase um gol contra.


Uma redução desta ordem, quase 20% de redução da carga de trabalho precisa de um amplo planejamento, estudos setorizados porque o impacto é muito diferente para os diversos setores da economia, basta comparar qualquer empresa prestadora de serviços com uma planta industrial qualquer para entender que as consequências são muito diversas e não será no impulso demagógico que se resolve esta questão.


Estamos diante de um tímido círculo vicioso que produz um leve alento econômico; com a queda do desemprego, quase 5 milhões de brasileiros a mais no mercado de trabalho, implicam em acréscimos de quase dez milhões de salários-mínimos na base da economia que produzem um giro saudável, do bolso do trabalhador ao mercado de alimentação e depois irrigando outras áreas, naquele saudável processo de retroalimentação, extremamente necessário para a micro e pequena empresa. Estamos diante do risco de interromper este ciclo.


Talvez esta seja o mais significativo benefício que se refletem do avanço dos parâmetros da área obtidos pelo atual governo. Porém, é muito tímido para acreditar que as empresas, mesmo as médias e grandes, conseguirão absorver os custos adicionais, sem a óbvia consequência do desemprego e aumento do grau de informalidade do emprego.


Olhando pelo lado do empregador, já massacrado por uma carga tributária insana, como conseguir aumentar em quase 20% o custo das horas trabalhadas sem repassar para os preços, gerando inflação, ou reduzindo a folha, gerando desemprego? Com um mínimo de sensibilidade, se consegue perceber que o pequeno empresário é um herói sobrevivente, que quase nem respirou entre 2020 e 2023 e só agora consegue enxergar luz no túnel da lucratividade e esta medida pode, de novo, apagar as velas que lhe concedem esperança.


Sem chance de esperar contrapartidas porque o governo não tem caixa para bondades, aliás precisa abrir o saco de maldades, com cortes na carne para estancar a perigosa e contínua sangria do rombo fiscal. Esta é a guerra do governo, urgente e intransferível, ainda que todos percebam que, em algum momento, a prioridade da reeleição vai acionar o freio que tenta impor responsabilidade fiscal.


Mesmo o trabalhador, louco para ajustar o “sextou” em 24 horas, sabe que a segurança do emprego, para quase 6% deles uma conquista recente, é muito mais saudável que o risco de nova instabilidade e da indignidade do desemprego. Férias na praia também é o desejo de todo trabalhador, mas exige bala na agulha para descer a serra.


Friso que, para muitos setores, turismo, bares, lazer em geral, seriam beneficiados no curto prazo, não sem registrar que são também suscetíveis a qualquer crise econômica que costuma bater em suas portas logo na largada.


De qualquer forma, se vive um momento raro na atual política; a esquerda se posiciona bem, ao lado da população, ainda que em linha de choque com os interesses do governo, e pressiona a direita congressual, um belo recorte do mundo empresarial brasileiro, que terá que se expor para proteger seus interesses.


O governo se protege subindo a linha de marcação; precisa resolver esta questão no parlamento, e o fará já nas comissões, para não ter que descascar este abacaxi logo no final do ano e, de qualquer forma, evita desgaste excessivo ao não precisar ser energicamente contra o projeto, respaldado pelo apoio do seu time de deputados que assinou em massa o projeto.


Repito; um momento raro em que o governo sempre acuado nas cordas, consegue colocar a direita com as costas nas cordas, deixando o ringue ainda mais animado, inclusive porque todos sabem que a luta é por pontos e os rounds decisivos serão disputados apenas em 2026.

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