A partir de informações que durante 30 dias colhemos, foi possível afirmar que estamos diante de um grupo de jovens heterogêneo em nossa cidade. Os jovens ouvidos equilibram descrença no futuro com confiança em dias melhores para si. Entretanto, divergem nos meios para alcançar essas melhoras. Pensam em política, mas a atuação ainda é tímida.
O ano eleitoral de 2024, suscitou narrativas de descrença com o sistema político.
Em nosso levantamento, menos da metade dos jovens se interessa pelo tema da política, ainda que o julgue importante.
Embora se reconheçam num contexto democrático, os jovens cianortenses não se sentem representados por pessoas ou instituições. Embora citem outras formas de organização como possibilidades de ação, poucos afirmam participar de movimentos nesse sentido.
As mobilizações sociais e políticas que marcaram o ano de 2022 também não pareceram representar uma forma de manifestação política ou de exercício da cidadania na qual eles se reconheçam.
De modo geral, houve silêncio ou desdém em torno das possibilidades e razões dos eventos políticos de 2022, quando do confronto entre a direita e esquerda na disputa presidencial.
O cenário político, econômico e social do país, bem como de Cianorte os desagrada, mas há uma aparente passividade em relação ao tema e uma evidente desesperança.
Nesse sentido, a partir dos depoimentos dos jovens cianortenses, foi possível perceber que não são as questões de cunho coletivo e social que estão mobilizando os jovens, mas, de modo inverso, é o seu universo pessoal que os angustia e mobiliza.
A maioria dos jovens consultados revela uma profunda preocupação com seu futuro profissional e financeiro. O desemprego, o alto custo de vida na cidade e a dependência financeira dos pais ou responsáveis despontam como principais fatores de inquietação e angústia.
Os jovens se preocupam com o porvir, mas têm dificuldades de nomear os meios para interferir em suas realidades. Nesse sentido, narram-se quase como que fadados a uma realidade desconfortável ou precária. No entanto, paradoxalmente, eles acreditam num futuro melhor para as suas vidas, mas não para as esferas coletivas.
Parece haver uma esperança individual baseada nas próprias qualificações e esforço pessoal, demonstrando como o discurso da meritocracia está presente na ideologia amplamente difundida no campo social e revelada na fala dos jovens de nossa cidade.
Nesse ponto, é possível afirmar que o contexto sociopolítico de Cianorte, na esfera mais ampla, dialoga de forma direta com esses mal-estares de nossos jovens cidadãos.
Ainda que na última e na atual administração municipal nossa Cianorte tenha experimentado e tentado um contexto de aumento do emprego formal, os jovens ainda constituem a faixa etária mais vulnerável ao desemprego, à desocupação e a vínculos de trabalho precários e apenas temporários.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nossos fechamentos de geração de emprego são ainda precários, basta acompanhar os levantamentos oficiais do município nos últimos anos, mês a mês... Link - Caged.
Deste modo, é possível afirmar que existe um desconforto sentido e expressado pelos jovens, e um contexto socioeconômico que o favorece essa justifica.
Políticas públicas para trazer nossos jovens cidadãos ao mercado de trabalho, alinhadas com a classe empresarial, são necessárias e urgentes.
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