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Foto do escritorWalber Guimarães

Brasil sem Bolsonaro.


Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.


Foi uma aposta arriscada. A indicação contínua que só aceitaria o resultado se as eleições fossem limpas, a seu critério, sempre foi um recado duro contra a democracia e, principalmente para a legião de apaixonados, uma insinuação que, em caso de derrota, o exército, que ele sempre afirmou estar sob seu comando, poderia agir. Ainda que a correlação não seja direta, foi este o estopim do 8 de janeiro.

Ninguém foi à Brasília fazer turismo. Havia a mesma expectativa que em 7 de setembro.


Todos, desprovidos de paixão, sabem que no Dia da Independência, a ordem foi mantida pela ação firme do STF e dos dirigentes do Congresso que avisaram ao presidente sobre as consequências da sua irresponsabilidade. A lambança só foi resolvida com a intermediação de Temer, que escreveu uma carta de retratação de Bolsonaro e o submeteu a uma sessão de humilhação com a ligação e o pedido de desculpas ao Alexandre Moraes.


Logo, qualquer discurso que conteste a tentativa de golpe, emana de corações atribulados que inibem a lisura do raciocínio. É lícito falar que a cassação dos direitos políticos não pode ser atribuída a isto, visto que o julgamento se referia à reunião com os embaixadores, anterior à data mas não é correto desconhecer a relação entre os fatos, explícito em alguns votos no TSE.


De novo, basta um mínimo de conhecimento histórico para perceber que não há revolução ou golpe sem aprovação da comunidade internacional. Quando isto ocorre, se consolida o novo poder e, na sua ausência, o país se torna um pária internacional, não conseguindo, por restrições econômicas, sustentar o golpe. Lição número dois de qualquer manual de golpe em republiquetas, mostra que é necessário preparar a opinião pública internacional para entender a situação interna e facilitar o processo de reconhecimento. Normalmente, isto se faz com diplomacia e sutileza, mas o modelo bolsonarista foi explícito e precipitado.


Foi o STF, com ações duras, que garantiu as eleições. Sem ele, episódios como a intervenção da polícia rodoviária com blitz direcionadas, no nordeste com tendência petista, teriam se multiplicado pelo país, em aliança espúria entre o poder central e as forças policiais, as mesmas que fizeram vistas grossas em janeiro, neste caso já somada à incompetência do novo governo, por omissão.


A resultante deste cenário é Bolsonaro, dono de patrimônio eleitoral incomparável, fora do cenário político. Em leitura objetiva; perde a extrema direita, mas não vejo prejuízo eleitoral para a direita ou para o conservadorismo, cujo espólio deve ser entregue à mãos mais equilibradas que podem manter o contingente de votos e até ampliá-lo pela inevitável redução da parcela de rejeição motivada pela incontinência verbal de Bolsonaro.


Tarcísio, Zema, Teresa Cristina, Eduardo Leite e Ratinho compõem uma lista de políticos preparados e dispostos a assumir a liderança da direita e, com a provável presença de Michele Bolsonaro na vice, se organizar para a disputa em 2026. Se a direita não se dividir em muitas candidaturas, a eleição projeta, de novo, diferença residuais entre os dois polos.


Claro, Lula é sempre um adversário forte, colecionando dez disputas milimétricas nas eleições presidenciais, mas ao contrário da direita, a esquerda não tem herdeiros. Sem Lula, há um hiato de lideranças que ainda convivem com a forte rejeição ao PT. Lula é maior que o partido e, como mostram as urnas, supera adversidades, mas não nenhum indicativo que alguém, vestido com a camisa 13, consiga vencer a rejeição e também não se vê indicativos que petistas estejam dispostos a ceder a cabeça da chapa.


Por isso, talvez Tarcísio se preserve e espere 30, quando Lula não pode disputar e já terá 85 anos e, só nesta data, Lula terá que arrumar a nova Dilma.

A única conclusão satisfatória é que, embora a polaridade persista, o ódio e a intolerância tendem a refluir pelas características, muito mais afáveis dos potenciais candidatos.



Também é justo se apostar em eleições menos personalistas e que, finalmente, as eleições discutam ideias e não nomes.

Deve ser mais saudável, inclusive porque não há espaço para mais mediocridade.

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