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Foto do escritorIvana Veraldo

Bendito seja o meu café da manhã na padaria

Em São Paulo, o hábito de frequentar padarias para tomar café da manhã é quase um ritual. O costume celebra a cultura e a vida cotidiana da cidade.

 


Tenho esse hábito há cerca de 35 anos. E é verdadeiramente um ritual. Acordo, vou para cozinha como uma banana e tomo meus remédios. Depois tomo banho e me arrumo para ir à padaria. Entro, cumprimento todas as atendentes com a certeza de que elas sabem de mim e eu sei delas. Peço sempre uma xícara de leite com café e um pão com manteiga. Logo chega a proprietária da padaria. Ela senta comigo e tomamos café juntas. Conversamos sobre assuntos variados. Temos diferenças radicais diante da vida,  mas nos tratamos com civilidade e gentileza. No final, ela sempre me oferece um cafezinho e depois me deixa com meus “afazeres”.

 

Quando eu tive filhos, parei de frequentar as padarias por um tempo. Na ânsia de ser uma boa mãe, eu preparava fartos e saudáveis café da manhã. Pois não é que os bacuris  não tocavam em nada. Desisti e voltei às padarias. E costumo ser fiel a elas. Nesses 35 anos, tive apenas dois longos relacionamentos.  A padaria atual, frequento há 15 anos, a anterior, 20 anos.

 

Conheço os funcionários e os assíduos frequentadores, com os quais também troco conversa. Sempre encontro um amigo da UEM (onde trabalhei por mais de 3 décadas), um vizinho, uma amiga que senta para falarmos dos velhos tempos e do futuro…

 

Costumo, também, ler livros e jornal na padaria. Físicos e digitais. Sempre carrego algo. E gosto de escrever minhas crônicas num caderninho que carrego na bolsa. Alguns se incomodam com o barulho, mas para mim, isso me ajuda a concentrar, desde que não excessivo.

 

Como não bebo, a padaria funciona pra mim como se fosse um bar. Parte da minha socialização ocorre neste estabelecimento. Gasto lá a grana que gastaria com bar, caso eu os frequentasse corriqueiramente.

 

Enfim, tomar café  da manhã na padaria é um hábito do qual não abro mão. É um dos espaços/tempos nos quais me inspiro para escrever. Inclusive quando escuto “sem querer” as conversas de outras mesas. Tenho várias crônicas nascidas dessa despropositada escuta. Lá na padaria, leio, escrevo e socializo.

 

Pois então, bendito seja o meu café da manhã na padaria!


Foto: Padaria Santa Efigênia - São Paulo

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