Um bombardeio aéreo de Israel contra um prédio nos arredores de Beirute matou 31 pessoas nesta sexta-feira (20), disse o Ministério da Saúde do Líbano no sábado (21), incluindo três crianças e sete mulheres. Foi o ataque mais mortal desde o início do conflito atual entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah.
Tel Aviv afirma ter matado 16 membros do grupo, incluindo os comandantes Ibrahim Aqil e Ahmed Wabbi. Essas mortes foram confirmadas pelo próprio Hezbollah.
Na sexta, Israel lançou seu maior ataque contra o grupo libanês desde outubro de 2023, dias depois que pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação atribuída a Israel e descrita pela ONU, a União Europeia e o Líbano como um ato terrorista. Cerca de 40 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas. Israel não comentou o caso.
De acordo com o governo libanês, 23 pessoas ainda estavam desaparecidas depois do ataque contra o prédio residencial em Beirute na sexta, que ficava ao lado de uma creche. O ministro dos Transportes, Ali Hamieh, considerado próximo ao Hezbollah, disse que "o inimigo está arrastando a região para a guerra". A pasta enviou veículos e equipamentos para remover os destroços e encontrar corpos e eventuais sobreviventes. "Estamos tirando mulheres e crianças dos escombros", disse Hamieh.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que os objetivos militares de seu país estão claros e que suas ações falam por si. Já o ministro da Defesa, Yoav Gallant, reafirmou que Tel Aviv está lançando uma nova fase da guerra iniciada em 7 de outubro. "A sequência de ações dessa nova fase continuará até que nosso objetivo seja atingido: o retorno dos moradores do norte para suas casas."
Israel removeu cerca de 60 mil pessoas de vilarejos próximos à fronteira com o Líbano desde que ataques de foguetes do Hezbollah se intensificaram, e o governo Netanyahu vem sofrendo pressão política para que os moradores possam voltar. Milhares de libaneses também deixaram suas casas.
Mas parte da oposição iraelense afirma que esse retorno só acontecerá quando houver um cessar-fogo e que o governo abandonou os esforços diplomáticos –Netanyahu já disse que não aceitará um acordo que não envolva a destruição completa do grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, algo considerado pouco provável por especialistas. O Hezbollah é aliado do Hamas, e os dois grupos são apoiados pelo Irã.
No sábado, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel não tem vergonha e comete crimes contra crianças, não combatentes, e que nem se dá ao trabalho de esconder suas ações. "Incapazes de atingir os verdadeiros soldados na Palestina, eles descontam sua raiva maligna contra crianças, pacientes médicos, e escolas", disse Khamenei.
O coordenador especial da ONU para o Líbano, Jeanine-Hennis Plasschaert, afirmou na sexta que o ataque contra uma região densamente povoada no sul de Beirute fazia parte de "um ciclo de violência extremamente perigoso que terá consequências devastadora. Isso tem que parar".
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