Por Walber Guimarães Junior, engenheiro e diretor da CIA FM.
Todo e qualquer torcedor brasileiro, por mais apaixonado que seja, tem consciência que futebol é businees. A paixão fica na arquibancada e os números nos bastidores provam, com uma simples verificação, que o futebol brasileiro está na segunda divisão quanto à clubes.
Logo, a privatização é o caminho inevitável ainda que alguns resistam ainda por alguns anos.
Vejam alguns números;
As receitas dos principais clubes do Brasil em 22 são; Flamengo (103 mi); Corinthians (93 mi); Palmeiras (83 mi) e São Paulo (62 mi), valores irrisórios se comparados com os maiores do mundo; Manchester City (3,81 bi); Real (3,73 bi); Liverpool (3,67 bi) e United (3,59 bi).
Quanto as negociações de jogadores, apenas para atletas brasileiros, a diferença é gritante. Enquanto os maiores negócios, envolvendo clubes brasileiros são; Gerson (92 mi, com o Olympic); Pedro (87 mi, com a Fiorentina); Everton Cebolinha (87 mi com o Benfica) e Gabigol por 78 mi. Já atletas brasileiros negociados na Europa; Vini Junior (651 mi); Rodrygo (434 mi); Neymar e Gabriel Jesus (407 mi) e até zagueiros, Marquinhos e Militão (ambos por 380 mi).
Mais dramática ainda é a comparação de folhas de pagamento. Enquanto as maiores do Brasil são Flamengo (40 mi por mês); Palmeiras (32); Corinthians (23) e Atlético Mineiro (19) que são migalhas se comparadas com o PSG (330); Real (233); United (208) ou Liverpool (200).
Impossível competir ainda que o talento dos nossos atletas, acima da média, reduza a defasagem.
Em raciocínio simples; um atleta vendido por um clube brasileiro raramente atingirá 30% do valor do mesmo atleta, já registrado na Europa. Logo, é muito fácil imaginar que bastam parcerias sólidas para gerar um upgrade nas receitas, de ambos os lados da parceria.
Completo o raciocínio registrando que a base dos bons clubes brasileiros pode gerar receitas mínimas de 200 milhões, ou até 500, como estimam palmeirenses e santistas, em especial, se negociadas com pontes por boas marcas europeias.
Concluo afirmando que é inevitável que os grandes clubes brasileiros, em até 3 anos, estejam privatizados para manter a competitividade. Até acredito que alguns, Flamengo, Palmeiras e Corinthians, tenham capacidade de se manterem mas sob pena de reduzir drasticamente a defasagem até para clubes de centros menores, como Fortaleza ou Bahia.
Sem privatizar, seremos apenas celeiros de mão de obra de qualidade mas, até para isto, é fundamental que se invista na formação intelectual e acadêmica dos nossos jogadores, para reduzir a taxa de desaprovação, por razões psicológicas, que afetam nosso mercado, penalizado por atletas que não tem estrutura para adequação ao novo status quo.
Pode afetar a “xenofobia” esportiva dos brasileiros que, ao que tudo indica, será impactada pelo efeito Carlo Lancelotti no comando da seleção.
Segue o jogo! Sem correções de rumo, as quartas de final serão nosso limite nas próximas copas ...
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