Vivemos em uma era marcada por crises globais e rápidas transformações. A pandemia de Covid-19 abalou estruturas sociais e econômicas, deixando um rastro de insegurança, perdas e incertezas. Milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentaram não apenas o impacto direto na saúde, mas também o colapso de empregos, o distanciamento social e a fragilidade emocional, expondo a vulnerabilidade da humanidade. Além disso, crises econômicas, conflitos geopolíticos e a crescente ameaça das mudanças climáticas contribuíram para um sentimento generalizado de ansiedade e desesperança.
No Brasil, o cenário não é diferente. O país enfrenta suas próprias crises, muitas vezes agravadas por fatores internos. A instabilidade política, marcada por escândalos de corrupção e uma polarização acentuada tem enfraquecido a confiança da população nas instituições governamentais. As promessas de renovação e integridade feitas por líderes muitas vezes não se concretizam, deixando a sensação de que a corrupção persiste em todos os níveis da sociedade. Além disso, a sensação de perda de integridade de instituições fundamentais, como o judiciário e o legislativo, aumenta a desconfiança generalizada. A sociedade brasileira, em seu conjunto, tem enfrentado um período de grande divisão, com debates acalorados sobre moralidade, sexualidade e valores, exacerbados pela ascensão de ideologias conflitantes.
Outro aspecto crítico no Brasil é a crise social e moral, refletida nas discussões sobre sexualidade e a erosão de valores fundamentais. As questões de identidade de gênero, liberdade sexual e o papel da família têm polarizado ainda mais a sociedade. Para muitos cristãos, essas mudanças culturais são vistas como uma ameaça aos princípios bíblicos e à integridade moral do país. Lembro bem das discussões do passado sobre separação de casais, desquite e divórcio. A igreja, de forma geral, apenas colocava-se como contrária à estas questões e a cultura “impôs” o seu modo de pensar. Em nada adianta apenas se posicionar, é preciso discutir abertamente estes temas em meio aos cultos, escolas bíblicas, grupos pequenos etc. Não somente uma discussão sobre condenação, mas uma leitura real da vida como ela é, demarcando as questões e pensando muito nas pessoas que estão envolvidas mais do que minha sensação de estar certo ou errado. O Evangelho é transformador – essa é a esperança!
A igreja cristã no Brasil, em particular as igrejas protestantes e evangélicas, não está isenta de passar por um período de grandes turbulências. Denúncias de corrupção, prisões de líderes religiosos e escândalos envolvendo grandes pastores abalam a confiança do povo nas lideranças eclesiásticas. Casos de abuso de poder e manipulação da fé têm prejudicado a imagem das igrejas, revelando a presença de problemas internos graves. Pastores que usam suas influências para serem debochados ou desbocados, usando palavras que não deveriam estar na boca de quem professa a Cristo, sendo vingativos, maldosos e interesseiros. Além destas coisas, a popularização da chamada "teologia da prosperidade" tem enganado milhões, prometendo riquezas e bênçãos materiais em troca de doações financeiras, desviando o foco da verdadeira mensagem do Evangelho. Em meio a esses escândalos, muitos fiéis se sentem perdidos, questionando em quem confiar e como seguir a verdadeira fé.
Essa crise na igreja, marcada pela perda de integridade em muitas lideranças e pela distorção da mensagem bíblica, reflete uma necessidade urgente de voltar à essência do Evangelho. A verdadeira missão da igreja deve ser resgatada, focando na proclamação de Cristo crucificado, no serviço ao próximo e na promoção de justiça e amor, ao invés da busca por poder ou lucro. A igreja precisa ser, mais do que nunca, um refúgio de verdade e esperança, onde o Evangelho transforma vidas e não é usado como ferramenta de manipulação.
O cenário global e brasileiro atual é um lembrete constante de como as fundações humanas — seja na política, economia, cultura ou mesmo eclesiástica — são frágeis. A busca por estabilidade e segurança se torna cada vez mais urgente à medida que o Brasil e o mundo enfrentam essas crises. Contudo, é precisamente em momentos como esses que o Evangelho de Cristo surge como uma âncora segura para a alma. Enquanto o caos parece dominar, a mensagem cristã oferece uma esperança inabalável, baseada em uma realidade que transcende as circunstâncias terrenas.
Apesar dessa realidade desafiadora, o Evangelho de Cristo continua sendo uma fonte de esperança, tanto para a sociedade quanto para a igreja. Embora as estruturas humanas falhem, o Evangelho proclama uma esperança que transcende o caos e a corrupção. Mesmo em meio à crise moral e espiritual, o poder transformador de Cristo oferece redenção. A fé cristã nos lembra que, apesar das falhas da liderança e das distorções teológicas, Deus continua soberano, e a verdadeira mensagem do Evangelho – de amor, perdão e restauração – permanece intacta. Em tempos de grande desespero, a igreja tem a oportunidade de se renovar, voltando ao Evangelho puro e simples, resgatando sua missão de ser luz em meio às trevas. Assim, mesmo diante dos problemas internos e externos, o Evangelho ainda é a âncora segura que sustenta a fé e oferece esperança em meio às crises.
Que Jesus, o Evangelho, nos transforme!
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Pr. Gedeon Lidório
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