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Foto do escritorGedeon Lidório

A grande crise da identidade humana: é possível encontrar propósito em meio a um mundo cheio de autodefinições e autodeterminações? – Parte 2

Como dizia no outro artigo, esta realidade afeta a vida de todos nós.

 

Biblicamente, somente através de Jesus Cristo, a imagem de Deus em nós pode ser restaurada. A salvação traz não apenas perdão dos pecados, mas também uma renovação da verdadeira identidade e propósito para aqueles que colocam sua fé em Cristo. O apóstolo Paulo fala de se tornar uma "nova criação" (2 Coríntios 5:17), apontando para uma restauração que vai além do indivíduo e abrange a totalidade do ser.

 


Com base na Imago Dei e no propósito divino, a visão bíblica sobre identidade oferece uma resposta prática para os dilemas modernos sobre valor e significado. Em vez de buscar incessantemente uma identidade que seja "autêntica" ou "auto afirmativa", a proposta cristã é aceitar a identidade já estabelecida por Deus e viver a partir dessa realidade.

 

É óbvio que o pecado turba toda esta percepção e precisamos também da ajuda de Deus para sermos satisfeitos com a imagem que Deus tem de nós. Não é algo fácil e nem automático (falo aqui do sentimento de inadequação).

 

Ao mesmo tempo em que, isso traz grandes implicações para temas como autoestima, propósito de vida e até questões sociais, como a defesa dos direitos humanos. Se cada pessoa é um portador da imagem de Deus, isso exige que todos sejam tratados com dignidade e respeito, independentemente de suas escolhas, crenças ou condições de vida. Além disso, oferece um ponto de partida sólido para a busca de sentido em um mundo que muitas vezes parece confuso e fragmentado.

 

Já na visão pós-moderna, a identidade é um projeto pessoal e em constante construção. Não existe uma "verdade" ou "essência" intrínseca a ser descoberta, mas sim uma identidade a ser moldada e reinterpretada ao longo da vida. Cada indivíduo é encorajado a "encontrar sua própria verdade" e a definir sua própria identidade, com base em suas experiências, desejos e escolhas.

 

Esse pensamento reflete um alto valor colocado no individualismo e na autodeterminação. A liberdade pessoal e a autenticidade são elevadas a um status quase absoluto, onde a conformidade com normas externas ou tradições é vista como opressiva. O lema é "seja você mesmo", implicando que a única autoridade legítima sobre a própria identidade é o próprio indivíduo.

 

Essa flexibilidade é frequentemente associada a uma sensação de liberdade, permitindo que as pessoas reinventem a si mesmas continuamente. Entretanto, ela também pode resultar em um sentimento de falta de raízes ou de perda de sentido, uma vez que a identidade deixa de ter um ponto de referência fixo. Quando a identidade é uma escolha constante e individual, a sensação de autenticidade pode se tornar difícil de alcançar.

 

Isso pode gerar um ambiente cultural em que a ética é vista como uma questão de opinião pessoal, mais do que uma obrigação moral universal. Embora essa abordagem permita uma grande liberdade pessoal, ela também pode criar desafios para a construção de uma sociedade coesa e para o estabelecimento de direitos e deveres universais.

 

Apesar de valorizar a liberdade de se autodefinir, a perspectiva pós-moderna enfrenta um paradoxo: a necessidade de se encontrar significado em meio à fluidez. Quando tudo é uma questão de escolha pessoal, o peso de definir a própria identidade e encontrar propósito recai inteiramente sobre o indivíduo. Isso pode levar a um sentimento de sobrecarga ou de crise existencial.

 

Esse paradoxo reflete a tensão entre a busca por autenticidade e a realidade de uma sociedade que frequentemente altera suas definições sobre o que é valioso, desejável ou aceitável.

 

Há um vazio existencial dentro do ser humano e buscamos o preenchimento desse vazio. A grande tensão dentro dessa visão pós-moderna é justamente imaginar que esse vazio é preenchido apenas e tão somente pela liberdade individual de escolher quem desejamos ser e na satisfação de nossos desejos pessoais.

 

Isso tem implicação direta na questão de compreendermos nosso propósito aqui no mundo. Na visão bíblica, o propósito humano é inerente à criação e revelado por Deus, oferecendo um sentido objetivo para a vida. O ser humano tem um papel específico, relacionado à adoração, ao serviço e à responsabilidade moral, com orientações claras sobre o que significa viver uma vida plena e significativa (Efésios 2:10).

 

A abordagem pós-moderna, em contraste, vê o propósito como algo que cada indivíduo deve definir por si mesmo, sem se submeter a uma autoridade superior ou a um design pré-estabelecido. O significado da vida é encontrado nas escolhas pessoais, nas experiências subjetivas e na busca pela autossatisfação. Essa visão pode gerar uma sensação de liberdade, mas também pode resultar em crises existenciais, pois o propósito é algo que precisa ser constantemente redescoberto e construído.

 

Uma questão que sempre me preocupa é a moralidade relativa - pode ser difícil justificar a defesa de direitos universais ou a condenação de práticas vistas como culturalmente aceitáveis em determinadas sociedades, mas que podem ser consideradas imorais em outras. Algo como aceitar ser moralmente válido (pois isso seria definido dentro do próprio contexto pessoal) o casamento de meninas e meninos pequenos com adultos é complicado para mim. Compreender que mulheres precisam ser estigmatizadas como seres inferiores, porque em determinadas culturas essa é a verdade deles. Compreender que o nascimento de gêmeos é algo contrário ao “bom andamento das leis do universo” (como em algumas culturas isso é aceito) e, portanto, um deles precisa ser sacrificado – é algo extremamente complicado para minha mentalidade.

 

Estes e outros exemplos de “moralidade relativa” são questões complicadas para justificar uma relatividade válida.

 

Pensando nestas questões e contrapondo a visão cristã, vamos para uma terceira e última parte desse artigo.

 

Nos vemos lá!

  

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

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