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Foto do escritorGedeon Lidório

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza – uma visão Bíblica

Meu amigo, Nolasco, escreveu um excelente artigo sobre o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza – leia aqui: Entenda como funcionará a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

 

Quero dar uma pequena contribuição, pensando biblicamente sobre o tema.

 

A erradicação da fome e da pobreza é um dos maiores desafios da humanidade. Em resposta a esse problema, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, apresentada durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, reúne líderes de 82 países com o objetivo de acabar com a fome até 2030. Essa iniciativa propõe medidas como a expansão de programas de transferência de renda, a oferta de alimentação escolar saudável e melhorias na saúde materna, buscando atender às populações mais vulneráveis em escala global.


 

A fome e a pobreza não são apenas questões econômicas ou políticas; elas também possuem um profundo aspecto moral e espiritual. Em muitos textos bíblicos, encontramos Deus conclamando seu povo a cuidar dos necessitados e a agir com compaixão e justiça.

 

Pensando biblicamente, podemos perguntar:


·         Qual é a responsabilidade dos cristãos no enfrentamento da fome e da pobreza?

·         Como os ensinamentos bíblicos podem guiar iniciativas como a Aliança Global?


A Bíblia aborda repetidamente o tema da fome e da pobreza, enfatizando o cuidado com os necessitados como um reflexo do caráter de Deus e do Seu propósito para a humanidade.

 

No Antigo Testamento, a Lei de Deus incorporava práticas destinadas a proteger os pobres e os marginalizados. Um exemplo está em Levítico 19:9-10, que ordena aos israelitas que deixem as bordas de seus campos para que os pobres e os estrangeiros possam colher o que resta. Essa prática demonstra a preocupação divina em prover para aqueles em necessidade e em construir uma sociedade com equidade e solidariedade.

 

Vemos Deus agindo diretamente para prover em tempos de fome. No êxodo do povo de Israel pelo deserto, Deus envia o maná dos céus para alimentar a multidão (Êxodo 16:4-5). Isto reflete a fidelidade de Deus em suprir as necessidades básicas de Seu povo e destaca a importância de confiar na providência divina e compartilhar com os outros.

 

Jesus Cristo, durante Seu ministério, demonstrou compaixão pelos pobres e famintos, alimentando multidões (Mateus 14:13-21) e instruindo Seus seguidores a fazerem o mesmo. Em Mateus 25:35-40, Jesus deixa claro que o cuidado com os famintos, sedentos e necessitados é equivalente a cuidar do próprio Cristo. Ele diz:

 

"Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram."

 

A ação de ajudar aos outros é um ato de adoração e obediência a Deus.

 

Em Atos 4:34-35, os cristãos compartilhavam seus bens de forma que “não havia necessitado algum entre eles”, prática que evidencia um compromisso com a justiça social que transcende interesses individuais, sendo uma expressão de unidade e amor cristão.

 

O Salmo 146:7-9 celebra o Senhor como aquele que "defende a causa dos oprimidos e dá alimento aos famintos". A ação divina na provisão é, frequentemente, manifestada por meio da obediência e generosidade do povo de Deus.

 

A Bíblia ensina que a responsabilidade de combater essas desigualdades não recai apenas sobre governos ou líderes religiosos, mas sobre todos aqueles que professam fé em Deus. Somos chamados a agir como agentes de transformação social, promovendo a justiça e o cuidado mútuo.

 

Em Isaías 58:6-7, Deus confronta o Seu povo sobre o verdadeiro significado do jejum, enfatizando que Ele prefere ações práticas de justiça e misericórdia. O texto diz:

 

"O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou e não recusar ajuda ao próximo?"

 

A fé autêntica está intrinsicamente ligada ao compromisso com a justiça e à ação concreta em favor dos necessitados.

 

Em Tiago 2:15-17, o apóstolo adverte contra uma fé que se limita a palavras, sem ações correspondentes. Ele escreve:

 

"Se um irmão ou irmã estiver necessitado de roupas e do alimento diário e um de vocês lhe disser: 'Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se', sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta."

 

A fé genuína se manifesta em ações práticas e efetivas que atendem às necessidades reais das pessoas.

 

Em Provérbios 31:8-9, há um apelo para que aqueles que possuem influência usem sua voz em favor dos marginalizados:

 

"Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e necessitados."

 

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza nos apresenta uma oportunidade de agir, integrando os princípios bíblicos a estratégias modernas para promover justiça social e erradicar as desigualdades.

 

Ao longo da história, muitas iniciativas de combate à pobreza foram motivadas por princípios cristãos. Organizações como o Exército de Salvação, a Cruz Vermelha e a Visão Mundial têm raízes na compaixão cristã e no compromisso de aliviar o sofrimento humano. Essas ações nos mostram que é possível traduzir a fé em projetos que têm impacto real e duradouro.

 

A ação prática contra a fome e a pobreza não é responsabilidade exclusiva de governos ou organizações. Cada cristão pode e deve fazer a diferença.

 

Diante da iniciativa da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a igreja tem a oportunidade de viver sua fé de forma prática e impactante. Seja em ações individuais, comunitárias ou globais, somos chamados a ser "sal da terra" e "luz do mundo" (Mateus 5:13-16), demonstrando o amor de Cristo por meio de atos de justiça e misericórdia.

 

Pr. Gedeon Lidório

Instagram: @gedeonlidorio

 

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